domingo, 22/setembro
InícioPESSOASTrês perguntas paraTrês perguntas para: Renato Duarte

Três perguntas para: Renato Duarte

Renato Duarte adora acompanhar esportes e é adepto de um bom jogo de futebol com amigos. Além disso, gosta de viajar com a família e cuidar do filho de quatro anos. Entre seus gostos musicais, o rock é o estilo que mais se destaca, principalmente os mais clássicos e da década de 90. Entre suas principais fontes de informação, estão os sites e portais de notícias voltados para o mercado financeiro.

Duarte é graduado em Ciências Contábeis pela FAE (Faculdade Católica de Administração e Economia) e possui MBA em Finanças Corporativas pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Atualmente, exerce o cargo de diretor Administrativo Financeiro nos Hotéis Deville, função que ocupa desde 2019.

Na sessão de hoje (14) do Três perguntas para, o Hotelier News recebe o profissional em uma conversa descontraída sobre estratégias para elevar a receita da rede neste momento de retomada do setor hoteleiro. Confira!


LEIA TAMBÉM


Três perguntas para: Renato Duarte

Hotelier News: Em outra ocasião, você mencionou que o ano de 2021 foi de reinvenção na Hotéis Deville e que isso se estenderá ao longo deste ano. De que forma isso será feito?

Renato Duarte: Um dos principais desafios para a Rede Deville que se iniciou no ano de 2020, com o aparecimento da pandemia e a suspensão temporária das operações em todos os hotéis, e que continuou existindo durante todo o ano de 2021 com a baixa demanda, foi o de conseguir reduzir nossos gastos em geral para compensar a queda de receita. O famoso fazer mais com menos.

E nesse sentido, que tivemos que nos reinventar revendo, por exemplo, processos já bastante consolidados na rede, tanto de atendimento quanto administrativos, para que eles se tornassem mais produtivos e, por consequência, rentáveis.

Nessa missão de revisão de processos, um dos principais focos foi a automação. E o mais interessante nesse ponto foi que encontramos oportunidades durante o ano para automatizar algumas rotinas que até então eram feitas de forma manual, e que tomavam um tempo desnecessário, desenvolvendo soluções em softwares que já possuíamos, com investimentos relativamente baixos e com ganhos de produtividade em escala. E esse processo de automação está somente começando, já que pretendemos seguir com os desenvolvimentos do que já temos e ainda pode ser melhorado, além da busca de tecnologias que nos auxiliem nessa evolução.

HN: Como a rede tem agido para superar as perdas financeiras impostas pela pandemia e, ao mesmo tempo, retomar o lucro?

RD: Desde o início da pandemia, buscamos reduzir ao máximo os gastos da empresa com ações como, por exemplo, negociar da forma mais rápida possível os acordos coletivos para suspensão e/ou redução de jornada de trabalho, chamar todos os fornecedores para renegociar os contratos nas mais diversas formas, etc.

Com isso, quando os hotéis começaram a ser reabertos durante o ano de 2020, nossos gastos estavam em um nível muito baixo. E foi nesse momento de reabertura que as reinvenções foram surgindo, pois fomos repondo o quadro gradativa e proporcionalmente à volta da demanda, assim como os serviços foram todos adaptados para se tornarem mais produtivos e com menos desperdícios.

Feita essa “lição de casa”, as operações se tornaram mais rentáveis do que antes da pandemia, e os nossos pontos de equilíbrio mudaram de patamar, com os hotéis conseguindo apresentar resultados positivos com ocupações menores, apesar do enorme desafio da diária média que todo o mercado vem enfrentando.

A partir do segundo semestre de 2021, e principalmente no último trimestre, a operação da Rede Deville voltou a apresentar lucro e fluxo de caixa operacional positivo. Importante destacar também que mesmo no meio da pior crise da história para o turismo, a Rede Deville manteve todas as suas operações, não demandou a tomada de nenhum recurso de curto prazo para fluxo de caixa operacional e manteve todas as suas obrigações em dia.

HN: Como equilibrar, de forma criativa, a relação aumento de tarifas x elevação dos custos operacionais nos empreendimentos?

RD: Eu diria que esse desafio já vem assolando a atividade hoteleira há muito tempo, ainda bem antes da própria pandemia. Basta analisar a evolução das diárias médias nas principais praças do país, onde desde 2015 tivemos crescimentos reais negativos, ou seja, perdendo para a inflação praticamente em todos os anos.

Em uma situação como essa no mercado hoteleiro no Brasil, só nos resta seguir a expressão que citei na minha primeira resposta: “fazer mais com menos” E para conseguir esse “mais com menos”, uma dica que dou é a de não se menosprezar nenhum tipo de gasto e seguir monitorando sempre todos eles. Logicamente, o foco deve ser nas linhas com maior representatividade, mas às vezes uma negociação pontual com um fornecedor de um item com valor relativamente baixo pode representar ganho interessante no longo prazo pela escala de consumo.

Importante destacar que esse monitoramento sempre será o primeiro passo para se identificar oportunidades para redução. Identificada essa oportunidade a informação precisará fluir e chegar nos departamentos operacionais para que juntamente com a parte de controladoria se possa discutir novas formas de se fazer a mesma coisa, com menos recursos.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Hotéis Deville