O comércio eletrônico vem ganhando cada vez mais espaço entre os consumidores brasileiros. De acordo com dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), nos últimos sete anos, as vendas do e-commerce no país deram um salto de 287%. No período, os estados de Alagoas, Goiás e Mato Grosso foram os que mais cresceram.
Na contramão desse movimento, o Acre e o Mato Grosso do Sul apresentaram os avanços mais tímidos do período, e, surpreendentemente, o Rio de Janeiro também registrou um crescimento mais lento do que a maioria dos outros estados.
Entre 2016 e 2023, o e-commerce brasileiro passou de R$ 53 bilhões em receitas no primeiro ano para R$ 205 bilhões no ano passado, ambos os valores a preço de agosto de 2024. Segundo um levantamento do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional, em 2023, o comércio eletrônico avançou 4% frente a 2022, com os smartphones liderando as vendas.
Recorte regional
Os números mostram que, em Alagoas, as vendas do comércio eletrônico movimentaram de pouco mais de R$ 383 milhões, em 2016, para R$ 2 bilhões, em 2023 — um salto de 436,9%. Em Goiás, essa alta é ainda mais impactante, considerando os valores envolvidos: de R$ 1,2 bilhão, no primeiro período, para R$ 6,2 bilhões, no ano passado, representando uma elevação de 399% nesse mercado. No Mato Grosso, que completa esse pódio, a subida foi de cerca de 374%.
O Acre, por sua vez, apontou o pior desempenho, com um crescimento de 170% em sete anos (de R$ 101 milhões para R$ 274 milhões), ficando à frente só de Roraima, que faturou R$ 206,3 milhões em 2023.
Segundo a FecomercioSP, nenhum estado do Norte alcança R$ 1 bilhão em vendas online desde 2016, muito em decorrência de problemas logísticos, como estradas ruins e poucos acessos, especialmente nas áreas rurais, o que encarece o frete e torna os produtos menos competitivos.
Chamam a atenção, porém, os números do Rio de Janeiro: embora tenha o terceiro maior mercado consumidor do comércio eletrônico brasileiro, com quase 10% de participação entre todas as vendas do país, as receitas do estado subiram 226%, entre 2016 e 2023, bem abaixo da média nacional (286,7%).
No ano passado, vale dizer, as vendas do setor na região somaram cerca de R$ 20 bilhões. Na visão da Federação, a insegurança logística tem um peso decisivo nessa conjuntura, já que o excesso de ocorrências envolvendo cargas roubadas limita o envio de mercadorias, sobretudo para a capital, também encarecendo o frete.
Crescimento anual
Após o salto na pandemia, quando o setor chegou a crescer 80,9% no país, entre 2019 e 2020, as taxas de elevação das vendas têm arrefecido anualmente, mas sustentando o mesmo patamar desde então. Em 2021, a alta foi de 34,1% em comparação ao ano anterior, e em 2022, de 9,9%. No ano passado, essa porcentagem foi bem mais tímida (0,2%).
Analisar a composição desse dado ajuda a entender o motivo de, nos estados, o comércio eletrônico também ter diminuído a marcha. Em São Paulo, por exemplo, que representa um terço do setor no país, as receitas caíram 1,6% entre 2022 e 2023. Considerando que se trata do maior mercado consumidor — e, ainda, do principal emissor de mercadorias no Brasil —, essa retração é sentida em todas as outras regiões.
Os mesmos problemas estruturais que frearam o crescimento do e-commerce entre 2016 e 2023 também causaram quedas mais acentuadas nos estados do Norte nos últimos dois anos. Roraima teve o pior desempenho (-10,3%), seguido pelo Amapá (-6,1%) e Amazonas (-5,9%). Por outro lado, Mato Grosso do Sul cresceu 46,5% entre 2022 e 2023, apesar de partir de uma base baixa. O Piauí também se destacou, com um aumento de 18,3%, alcançando R$ 1,7 bilhão em receitas.
Além de São Paulo, entre os grandes mercados do e-commerce, os resultados também foram distintos: Minas Gerais cresceu 3%, enquanto o Rio subiu 1%. O desempenho de Santa Catarina, que vem crescendo ano a ano, também foi bom (3,3%). Dentre as maiores quedas, além dos estados do Norte, destacam-se o Ceará (-7%) e o Paraná (-4,1%).
(*) Crédito da foto: Freepik