A posição da Wyndham Hotels & Resorts sobre a proposta de aquisição por parte da Choice Hotels International pode ser resumida em três preocupações: risco, valor e alavancagem. Mas, em uma apresentação aos investidores, os executivos da rede foram sinceros sobre sua rejeição à oferta.
Na primeira teleconferência de resultados em seis anos, Stephen Holmes, presidente do Conselho de Administração da Wyndham, classificou as propostas públicas da Choice como “uma tentativa desesperada de resolver os problemas que a empresa tem”, aponta o CoStar.
O executivo descreveu esses problemas, em parte, como “nenhum crescimento orgânico e um programa de fidelidade menos vibrante, praticamente sem capacidades internacionais”.
“Francamente, não estamos surpresos. Nosso negócio oferece um armário cheio de remédios. Eles estão tentando fazer de nós um elixir para seus problemas. Nosso conselho levou muito a sério seus deveres fiduciários em relação aos acionistas, e outras partes interessadas, incluindo franqueados, funcionários e hóspedes”, diz o executivo.
“Acreditamos firmemente que o plano independente da Wyndham e as múltiplas alavancas de crescimento fornecem uma proposta mais atraente em comparação com a oferta da Choice”, completa.
A negociação
Holmes enfatizou que a proposta da Choice não foi solicitada e, em sua opinião, não foi bem pensada. “Não queríamos vender a empresa. Eles nos ligaram, mas não tinham um plano. O objetivo deles parece ser publicar comunicados de imprensa repetitivos e ver se conseguem transformar isso em algo interessante para nós. Só não vejo isso como um plano”, analisa.
Em comunicado, a Choice instigou os executivos da Wyndham a regressarem à mesa de negociações. Pat Pacious, CEO da Choice, disse naquele comunicado que houve feedback positivo dos acionistas da Wyndham.
Os executivos da rede, por outro lado, responderam que os próprios planos e perspectivas de crescimento da empresa representam melhor valor e retornos a longo prazo para seus franqueados e partes interessadas.
Geoff Ballotti, presidente e CEO da Wyndham, disse que os resultados do terceiro trimestre da companhia confirmam isso. “Foi um trimestre enorme para nós, com um impulso muito, muito grande em termos de ganho de participação das marcas”.
“Estamos ganhando tanto no lado da conversão, quanto no lado da construção nova. Vimos um grande crescimento em nosso portfólio de médio porte, um grande incremento em nosso negócio internacional de franquia direta, e nosso pipeline está em um nível recorde para 13 trimestres consecutivos. Queremos continuar assim. Não queremos que a distração da oferta de aquisição da Choice de que falamos em nossos comentários preparados tenha impacto de alguma forma”, acrescenta.
“É um mercado enorme, enorme. Há 9.500 hotéis econômicos de marca. Há 22 mil hotéis sem marca no espaço econômico”, afirma Ballottu, reconhecendo também que existem “sinergias em escala” com a Choice, mas pontuando que elas seriam mais do que compensadas pelos riscos do acordo proposto.
Esses riscos influem um provável processo regulatório prolongado com o governo federal, que Holmes disse que os executivos da Choice finalmente reconheceram, após muitas reuniões, que poderia levar pelo menos 12 meses para ser concluído.
“Embora a oferta possa ter tido um valor inicial de US$ 90 por ação, a proposta atualmente vale menos e pode continuar a flutuar em valor ao longo do tempo, uma vez que inclui uma quantidade significativa de contrapartida em ações. Na semana passada, poucos dias após o anúncio público da Choice, as ações da Choice tinham diminuído mais de 9% e o valor implícito da oferta já era US$ 4 mais baixo”, avalia Ballotti, endossando que a rede precisaria garantir aproximadamente US$ 6 bilhões em dívidas para financiar a transação, mais US$ 4 bilhões em dívidas incrementais e o restante para substituir a dívida existente da Wyndham.
Complementando o raciocínio, Holmes disse que não vê um caminho a seguir com a Choice. “Por outro lado, se alguém teve uma grande ideia que deseja apresentar, somos todos ouvidos”, finaliza.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Wyndham Hotels & Resorts