Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central),  disse hoje (16) que o WhatsApp entrará “em breve” no mercado de pagamentos brasileiro. Além disso, o executivo declarou que a autoridade monetária mantém conversas com o Google nesse sentido, além de outras gigantes de tecnologia. Campos Neto, contudo, não mencionou nominalmente quem seriam essas empresas, informa a Reuters. Vale destacar que o governo fez o o lançamento oficial do Pix hoje.

Na coletiva de imprensa, o presidente do BC foi questionado se o app do Facebook entraria em pagamentos dentro do sistema do Pix ou fora dele. Segundo o executivo, o WhatsApp começará com transferências de valores entre pessoas, no desenho conhecido como P2P (peer to peer).  “Vai começar fazendo P2P em breve. Eu tenho conversado bastante com o CEO do WhatsApp. Inclusive, ele tem me dito que o processo no Banco Central foi mais rápido do que em outros países”, disse.

“Então, estamos avançando bastante com o processo. Vai começar com P2P e depois vai fazer P2M (transferência entre pessoas e estabelecimentos). Nossa única preocupação é passar por todos os critérios de aprovação e que tenhamos sistema que fomente competição, do mesmo jeito que estamos conversando com Google e com outros”, completou.

Com a afirmação, Campos Neto confirmou que o BC está conversando com o Google e outras big techs. Ele ainda destacou que há vontade dessas empresas em atuarem no Brasil, que conta com mercado consumidor “bastante amplo”, com “oportunidade na digitalização”.

Pix: lançamento

O BC suspendeu o serviço anunciado pelo WhatsApp, o Facebook Pay, em 23 de junho. Na época, a instituição alegou a necessidade de que o sistema passasse por um processo de autorização. O modelo lançado no Brasil pela companhia em 15 de junho previa a transferência de recursos por meio do aplicativo por meio de cartões, com utilização dos sistemas de pagamentos existentes da Visa e da Mastercard.

Na época, fontes próximas às discussões apontaram que o lançamento pelo WhatsApp antes do início pleno de operações do Pix poderia afetar negativamente a nova plataforma do BC. Isso porque o app do Facebook é utilizado em larga escala no país e poderia já consolidar um mercado novo, blindado de concorrência antes das transferências de pessoa física para pessoa física serem também facilitadas com o Pix.

O Pix foi lançado oficialmente hoje pelo BC, em linha com cronograma divulgado há meses. O pagamento instantâneo pela ferramenta funcionará 24 horas por dia, todos os dias do ano, a um custo operacional significativamente mais baixo que o de modalidades conhecidas, como transferências do tipo TED ou DOC e pagamentos por cartões de crédito e débito. Segundo o BC, o custo do Pix é de 1 centavo para 10 transações.

As operações de pessoa física para pessoa física no Pix são gratuitas desde que feitas por meios eletrônicos. As compras feitas por pessoas físicas com o Pix tampouco podem ser tarifadas. Em contrapartida, os bancos poderão taxar as transações com Pix feitas entre empresas, tanto na ponta do pagador, quanto do recebedor. A hotelaria já demonstrou interesse em utilizá-lo.

(*) Crédito da foto: LoboStudioHamburg/Pixabay