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O surto de gripe aviária deve preocupar a hotelaria?

O Brasil enfrenta seu primeiro surto de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial, localizada em Montenegro (RS). O caso, confirmado em 16 de maio, resultou na morte de aproximadamente 17 mil aves, entre naturais e abates sanitários. Agora, como esse acontecimento pode impactar a hotelaria? Como se precaver? Quais os riscos?

A detecção do vírus em uma instalação comercial marca uma mudança significativa no cenário brasileiro, que até então havia registrado casos apenas em aves silvestres ou em produções domésticas. Importante destacar que a disseminação não se restringiu à granja. No zoológico de Sapucaia do Sul (RS), cerca de 100 animais como cisnes e patos morreram devido ao H5N1. Testes genéticos encontraram o mesmo subtipo encontrado na granja de Montenegro, embora ainda não se saiba se há uma conexão direta entre os dois surtos.

Como maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil sofreu impactos econômicos imediatos. Diversos países, incluindo China, União Europeia, México e Argentina, suspenderam temporariamente as importações de produtos avícolas brasileiros. Estima-se que essas restrições possam resultar em perdas de até US$ 1 bilhão nas exportações ao longo de um ano.

Em resposta ao surto, autoridades brasileiras implementaram medidas rigorosas de contenção. Mais de 1,7 milhão de ovos foram destruídos, e inspeções foram realizadas em 524 propriedades num raio de 10 km da granja afetada. Barreiras sanitárias e estações de desinfecção foram estabelecidas para controlar o acesso às áreas impactadas.

Saúde e como se prevenir

Em relação à saúde humana, o risco de infecção pelo H5N1 é considerado baixo e geralmente está associado ao contato direto com aves infectadas ou ambientes contaminados. Até o momento, não há registros de transmissão do vírus para humanos no Brasil. Um trabalhador da granja de Montenegro que apresentou sintomas gripais testou negativo para gripe aviária.

Embora o risco de contágio para a população em geral seja considerado baixo, a atenção deve ser redobrada em ambientes que lidam com grandes volumes de carne de frango, como os restaurantes de hotéis. A manipulação constante desses insumos, somada à circulação intensa de pessoas e à exigência por rapidez no serviço, exige protocolos rigorosos de segurança alimentar.

Para minimizar qualquer possibilidade de contaminação e garantir a confiança dos hóspedes, é fundamental que esses estabelecimentos adotem medidas preventivas em todas as etapas da operação — da compra ao preparo dos alimentos. Confira a seguir as principais orientações.

Medidas preventivas para consumidores e estabelecimentos

1- Adquirir produtos de fornecedores certificados: certifique-se de que carnes e ovos possuem selos de inspeção sanitária, como o SIF (Serviço de Inspeção Federal).

2- Armazenar adequadamente: mantenha carnes refrigeradas a temperaturas iguais ou inferiores a 4 °C e ovos em locais frescos e secos.

3- Evitar contaminação cruzada: utilize utensílios e superfícies distintos para alimentos crus e cozidos, higienizando-os adequadamente após o uso.

4- Cozinhar completamente: assegure-se de que carnes de aves atinjam temperaturas internas de pelo menos 74 °C e ovos sejam cozidos até que as claras e gemas estejam firmes.

5- Higienizar as mãos: lave as mãos com água e sabão antes e após manusear alimentos crus.

6- Evitar contato com aves doentes ou mortas: não toque em aves que apresentem sinais de doença ou que estejam mortas; em caso de necessidade, utilize equipamentos de proteção individual.

(*) Crédito da foto: Unsplash