Em meio a um cenário econômico ainda marcado por incertezas internas e externas, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro voltou a perder fôlego no terceiro trimestre de 2025. Com desaceleração dos serviços — que avançaram apenas 0,1% — o indicador da atividade econômica também cresceu só 0,1%, segundo dados divulgados hoje (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor de serviços, que vinha mostrando sinais de desaceleração desde o segundo trimestre, teve comportamento majoritariamente positivo, mas com crescimento muito moderado. Transporte, Armazenagem e Correio liderou o trimestre, com alta de 2,7%. Informação e Comunicação (1,5%), Atividades Imobiliárias (0,8%), Comércio (0,4%), Administração Pública e Áreas Correlatas (0,4%) e Outros Serviços (0,2%) também registraram avanços.
A única queda veio de Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados, que recuaram 1%. O resultado agregado, porém, refletiu perda de fôlego em comparação aos três meses anteriores, quando o setor ainda crescia em ritmo mais firme.
O desempenho geral do PIB confirma a desaceleração da economia, que já havia avançado apenas 0,4% no segundo trimestre. O resultado também ficou abaixo das projeções de mercado, que estimavam alta de 0,2%. Em valores correntes, a economia movimentou R$ 3,2 trilhões no trimestre. Na comparação anual, houve avanço de 1,8%.
Outros dados
A Indústria cresceu 0,8%, impulsionada pelas Indústrias Extrativas (1,7%), pela Construção (1,3%) e pelas Indústrias de Transformação (0,3%). A única queda veio do segmento de Eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (-1%). Já a Agropecuária registrou alta de 0,4%.
O consumo das famílias seguiu limitado pelos juros elevados, com a Selic mantida em 15% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas. O indicador subiu apenas 0,1% no trimestre e 0,4% na comparação anual.
Claudia Esterminio, analista do IBGE, explica que o impacto dos juros poderia ter sido ainda maior sem o suporte do mercado de trabalho. “Os juros altos naturalmente comprometem diversas atividades, mas o aumento da massa salarial e o mercado de trabalho aquecido ajudam a mitigar esse impacto. Se estivéssemos diante de um mercado de trabalho frágil, o resultado seria bem mais negativo”.
Em direção oposta ao consumo das famílias, o consumo do governo cresceu 1,3%. Os investimentos também se recuperaram e avançaram 0,9%, revertendo a queda registrada no trimestre anterior.
O setor externo contribuiu positivamente para o trimestre: as exportações subiram 3,3% e as importações tiveram leve alta de 0,3%. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, afirma que o movimento foi influenciado por ajustes estratégicos das empresas diante do tarifaço, permitindo a manutenção das vendas para o exterior.
“A indústria extrativa é um exemplo — teve forte alta nas vendas externas neste trimestre, contribuindo diretamente para o crescimento da economia. No fim, o efeito negativo foi mais localizado e bem menor do que se projetava.”
O valor total do PIB no terceiro trimestre somou R$ 3,2 trilhões: R$ 2,8 trilhões correspondem ao valor adicionado e R$ 449,3 bilhões aos impostos sobre produtos líquidos de subsídios.
(*) Crédito da foto: Divulgação
















