Entre tantos percalços enfrentados pelo setor hoteleiro durante a pandemia, demissões em massa estão no topo da lista. Com receitas reduzidas e caixa sob pressão, 94% dos empreendimentos se viram obrigados a desligar colaboradores, aponta levantamento da Capih (Comissão de Administração de Pessoal da Indústria Hoteleira), divulgado em agosto. Agora, com um número expressivo de profissionais disponíveis e a retomada das operações, o que os gerentes gerais esperam de suas equipes no pós-pandemia?

Para entender quais habilidades serão valorizadas no novo normal, o Hotelier News conversou com quatro gestores, que pontuaram características essenciais para a equipe dos hotéis na retomada. Entre os adjetivos apresentados, um deles se destaca: multidisciplinaridade. Com equipes reduzidas, abraçar diferentes funções será o maior peso da balança entre quem fica e quem sai.

Karen Stank, gerente geral do Radisson Blu São Paulo, afirma que atitude e proatividade são qualidades base para a formação dos times. “Desenvolvemos os colaboradores, ensinamos novas técnicas quando reduzimos o quadro e, hoje, precisamos de pessoas que saibam fazer o máximo de funções. O colaborador precisa querer aprender, saber resolver problemas e não esperar as demandas chegarem, pois não temos pessoal para ajudar”, conta.

Ainda na capital paulista, Alexandre Ventura, gerente geral do The Universe Paulista, destaca a importância do espírito de equipe em tempos de crise. “Precisamos daqueles que gostem de colaborar e sejam flexíveis. Ninguém nasce engessado, temos que ser maleáveis internamente. Quanto mais rápido o colaborador de adapta às mudanças, mais diferença ele faz”, avalia.

No Grand Hotel Rayon, que se manteve aberto durante toda pandemia, criatividade e inovação foram peças chave para sobreviver à crise, sempre dando espaço e ouvidos aos colaboradores. “Conseguimos desenvolver novos produtos, aguçamos nossa criatividade estando abertos a todo o tipo de ideia e dando espaço para os funcionários exercerem outras funções”, diz Tatiane Marques, gerente geral do empreendimento curitibano.

Do outro lado do país, em Maceió, Fabio Kazuo, gerente geral do Best Western Premier, espera otimismo e engajamento do time para alcançar melhores resultados. “Ouvimos diariamente notícias ruins de todos os lados. Reforçar o lado negativo da situação só piora. É importante ter foco otimista, ratificar o trabalho feito de forma positiva. Com todos acreditando, fica mais fácil concretizar o que queremos”, avalia.

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Ventura valoriza o espírito de equipe e a flexibilidade quando seleciona membros para a equipe

Gerentes gerais: motivando equipes

Extrair o melhor que cada profissional tem a oferecer nem sempre é tarefa fácil. Após tantos impactos sociais, financeiros e emocionais, engajar equipes se tornou parte vital para a recuperação do setor. Para tal, Kazuo afirma que treinamentos motivacionais foram promovidos, enaltecendo o histórico positivo do Best Western Premier. “Focamos em momentos alegres com o time antes da pandemia, sempre reforçando o quanto resolver problemas é mais fácil quando estamos todos juntos.”

Já o Radisson Blu aposta em diálogo e proximidade com o colaborador, dando suporte emocional sempre que necessário. “Tento ser ao máximo presente. Somos transparentes, sempre mostrando o que estamos fazendo e o que pretendemos fazer. Buscamos incluir o colaborador para que eles também participem das estratégias e se sintam parte integrante da equipe”, comenta Karen.

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Tatiane: durante a pandemia, usamos muito da nossa criatividade para criar novos produtos

Funcionário ideal

De acordo com as qualidades apresentadas pelos gerentes gerais, o Hotelier News listou as características mais valorizadas para a retomada:

  • Multidisciplinaridade: esteja disposto a atuar em mais de uma área. Sair da zona de conforto e ajudar em outros departamentos que estão com equipes defasadas e reduzidas é o principal diferencial pontuado pelos gerentes.
  • Adaptabilidade: em tempos de tantas mudanças, ser flexível e saber adaptar-se aos novos protocolos e operações são fundamentais.
  • Criatividade: crises também são terreno para oportunidades. Não tenha medo de sugerir ideias e propor inovações que possam trazer resultados.
  • Proatividade: não espere as demandas surgirem. Inicie as tarefas e ajude a resolver problemas por si mesmo, sem precisar que alguém peça. Não confunda isso, contudo, com precipitação e pressa para resolver as coisas. Use o bom senso acima de tudo!
  • Engajamento: faça o trabalho valer a pena. Ser engajado é vestir a camisa da empresa e lutar ao lado de colegas e lideranças para atingir metas.
  • Otimismo: veja o ponto positivo das situações. Motive os colegas de trabalho, acredite que é possível atingir os objetivos propostos.
  • Empatia: coloque-se no lugar do outro. Todos nós passamos por momentos difíceis. Ser humano, solidarizar-se com o próximo e ser empático fazem toda a diferença no dia a dia e no atendimento ao cliente.

(*) Crédito da capa: Shutterstock

(**) Crédito da foto Alexandre: Divulgação/ICH

(***) Crédito da foto Tatiane: Divulgação/Grand Hotel Rayon