Assim como a hotelaria nacional, o mercado de multipropriedade também vive um momento de incertezas. De fato, a indústria de propriedades compartilhadas tem maiores vantagens diante da crise, mas não deixa de ser impactada pela pandemia. Em live transmitida hoje (23), o Hotelier News e Grupo R1 reuniram especialistas de todas as pontas do setor para debater o futuro do segmento.

Com moderação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News, o bate-papo trouxe à mesa questões como pós-venda, necessidades do consumidor, o papel dos destinos no êxito dos negócios e a necessidade de infraestrutura nos municípios escolhidos para receber projetos. Nomes importantes do setor marcaram presença como: Caio Calfat (Adit Brasil e Caio Calfat Real Estate Consulting); Fabiana Leite (RCI); Marcos Freitas (WAM Brasil) e Wellington Estruquel (Mabu Hotéis & Resorts).

Medeiros iniciou a conversa relembrando alguns dados. O VGV (Valor Geral de Vendas) de multipropriedades projetado para 2020 soma R$ 24,1 bilhão, alta de 5,93% frente a 2019, segundo mostra o estudo Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2020, promovido pela Adit Brasil. Com números robustos, muitos investidores enxergam no segmento grandes oportunidades de negócios. Mas até que ponto?

“Esse valor reflete a sustentabilidade?”. Esse foi o questionamento de abertura da live, que ainda reflete sobre o efeito manada no setor. “A preocupação sobre oferta e demanda é sempre grande, até porque a multipropriedade tem a capacidade de criar destinos. Se não houver preocupação com o efeito manada, podemos destruir e degradar os destinos antes mesmo de nascer. O aumento da capacidade tem que andar junto com a oferta e demanda”, inicia Calfat.

Sócio-diretor da WAM Brasil, Freitas complementa que muitos investidores se iludem com o VGV e acabam por esquecer de outras etapas do processo. “Vemos muitos players iludidos. Você não é só venda, existe um ciclo de negócios envolvido: venda, construção, entrega e gestão condominial. A verticalização e entendimento devem ser os pilares da sustentabilidade da indústria”.

live - multipropriedade - interna

Time de debatedores destacaram a importância dos destinos nos projetos

Live: o lado do consumidor e pós-venda

Em julho, a Mabu Hotéis & Resorts inaugurou o My Mabu, complexo de multipropriedade de 484 apartamentos. Apesar da entrada em plena pandemia, Wellington Estruquel, CEO da rede, afirma que a aceitação do público foi positiva e destaca a importância do pós-venda. “A área de vendas e pós-venda é tão importante quanto o comercial. Entregamos em julho e estamos tendo as primeiras experimentações com feedback positivo das reservas tão esperadas. Minimamente, você tem que entregar o que foi prometido e, se possível, exceder expectativas”.

Para Fabiana, o proprietário almeja bom atendimento e a mesma atenção no pós-venda. “O consumidor quer ser bem atendido e recebido. Ele espera encontrar a sua segunda casa sempre da melhor maneira, com atenção em todos os detalhes. É preciso mostrar que o que ele comprou é forte, de uma indústria segura e vai além do esperado, pois ele vai cobrar o que foi prometido”, destaca.

E como não deixar a desejar no pós-venda em tempos de pandemia? Segundo Estruquel, mesmo com equipes em trabalho remoto, colaboradores mantiveram suas rotinas de atendimento. “Tivemos o benefício de entregar o produto em plena pandemia e o pós-venda foi fundamental nesse cenário, flexibilizando possibilidades para manter o cliente na base”.

“O distanciamento foi apenas entre pessoas, não entre clientes. Aprendemos que não precisamos estar perto para as coisas acontecerem. A entrega tem que ser a mesma e o cuidado com o cliente de entender a situação, reduzir ou aumentar parcelas, estar ao lado e caminhar em conjunto é um diferencial”, complementa Fabiana.

A escolha do destino

Pontapé inicial de qualquer projeto, a escolha da cidade pode ser a linha tênue entre o sucesso e o fracasso. Mesmo com potencial destinos, o setor de multipropriedade também tem o poder de saturar infraestruturas despreparadas. “Diria que é 90% do caminho, mas existem exceções. Se você não tem um destino consolidado, precisará se ancorar em algo maior para ajudar a ser atrativo no momento da venda do fracionado”, salienta Estruquel.

O presidente da Adit Brasil explica que planejamento, estudo de viabilidade econômica e conhecimento de mercado são fundamentais para entrar no jogo. “Temos diversos estudos de multipropriedade no Brasil em todos os padrões e isso é uma vitória. Deixamos de ter achismos e passamos a ter tecnologias a serviço do planejamento. Existe essa orientação no Manual de Melhores Práticas para Multipropriedade. É preciso saber se a cidade terá hospitais suficientes, restaurantes, lojas, estradas e infraestrutura urbana. Caso o contrário, o destino será degradado pela falta”.

Para assistir a live completa acesse o link.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Mabu Hotéis & Resorts

(**) Crédito da foto: Reprodução da internet