São Paulo enfrenta o quinto dia de interrupções na distribuição de energia elétrica, e os setores de Comércio e Serviços já acumulam perdas significativas. Segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), os prejuízos no faturamento bruto desde sexta-feira (11) até terça-feira (15) somam pelo menos R$ 1,82 bilhão.

O setor de Serviços foi o mais afetado, com perdas estimadas em R$ 1,23 bilhão, o equivalente a R$ 246 milhões por dia de falta de energia. O Dia das Crianças, uma data importante para o comércio, foi o mais prejudicado, com um prejuízo de R$ 442,3 milhões apenas no dia 12 de outubro, também marcado pelo maior número de imóveis sem luz.

O setor de Comércio paulistano registrou uma perda acumulada de R$ 589 milhões, com o Dia das Crianças representando um impacto de R$ 211 milhões em vendas não realizadas devido à falta de eletricidade.

A FecomercioSP alerta que os prejuízos podem ser ainda maiores, já que não foram contabilizadas perdas como a de estoques perecíveis ou os custos fixos que se mantiveram mesmo sem receita. A recuperação dessas perdas pode levar meses.

Segundo a concessionária Enel, mais de 250 mil imóveis estavam sem energia até terça-feira (15), sendo que, no sábado (12), esse número chegou a 1,45 milhão de unidades.

Orientações para os afetados

A FecomercioSP, em diálogo com autoridades e com a Enel desde sábado (12), recomenda que os consumidores afetados pela interrupção de energia abram chamados formais na distribuidora e registrem suas reclamações. Esse procedimento pode agilizar respostas administrativas e servir como base para ações judiciais, caso necessário.

Para danos em aparelhos eletrônicos causados pela falta de energia, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) prevê que a concessionária deve oferecer atendimento aos consumidores. Se a Enel não apresentar soluções, o consumidor pode recorrer à ouvidoria da empresa e, posteriormente, à agencia reguladora.

Em caso de falha nos canais de atendimento, a orientação é procurar o Procon, que intermedia pedidos de indenização quando o fornecimento é interrompido por mais de 24 horas em áreas urbanas e 48 horas em áreas rurais. Pedidos de ressarcimento devem ser acompanhados de provas dos danos, como fotografias e documentos que comprovem as perdas.

Impacto na hotelaria

Já a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo) notificou a Enel. O blecaute gerou prejuízos estimados em R$ 150 milhões para o setor hoteleiro, bares e restaurantes, conforme dados da entidade, que representa mais de 502 mil estabelecimentos no estado. Outro apagão na capital, em novembro de 2023, tambem já havia impactado os empreendimentos locais.

Segundo a Fhoresp, aproximadamente 250 mil empresas foram diretamente impactadas pela interrupção do fornecimento de energia, resultando em perdas de mercadorias devido à falta de refrigeração, além de danos a equipamentos causados por oscilações elétricas.

“Estimamos um prejuízo de R$ 150 milhões até o momento, considerando sete períodos sem operação, entre almoços e jantares, desde a noite de sexta-feira. Os mais afetados foram bares, restaurantes, pequenos hotéis e meios de hospedagem, que não puderam funcionar no fim de semana do feriado de 12 de outubro. Além de perderem uma das épocas de maior movimento, continuam sem energia e sem previsão de retorno do serviço. Um único dia sem funcionamento tem grande impacto no mês. As despesas, como impostos e folha de pagamento, continuam”, afirmou Edson Pinto, diretor-executivo da Fhoresp.

(*) Crédito da foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo