revitalização no centro de são pauloA região central reúne os principais equipamentos culturais da cidade

Região com a maior rede de transportes e equipamentos culturais da cidade, o Centro de São Paulo vem voltando, aos poucos, a ganhar papel de protagonismo na agenda da capital. A volta da movimentação nas adjacências acompanha o compasso da instalação de novos estabelecimentos comerciais e da realização de eventos. O repovoamento, que impulsiona também a chegada de novos moradores, traz consigo apelo turístico, viajantes e projetos que alteram até mesmo a arquitetura das imediações.

A construção capaz de simbolizar o momento renovado da região está no chamado Baixo Augusta – trecho final da rua famosa por sua vida noturna. Completamente repaginado, o Hotel Ca’d’Oro, que foi símbolo da hotelaria de luxo nos anos 1950, é exemplo do que acontece a seu redor. Reaberto em 2016, por meio de uma parceria com a Brookfield Incorporadora, o meio de hospedagem é parte de um complexo com apartamentos residenciais e escritórios. Na parte hoteleira são 147 habitações de alto padrão, com a modernidade que o ramo pede atualmente.

Duas quadras acima outro empreendimento hoteleiro deve atrair atenção. O alto prédio na altura do número 440 será a estreia da rede Fera Hotéis em solo paulistano. A expectativa é ter a unidade aberta no ano que vem. As obras visíveis, no entanto, já mostram um edifício moderno, diferente do visual comum na região em outros tempos. 

Empreendimento foi reinaugurado em 2016

Ambientes púbicos renovados como acontece na praça Roosevelt – espaço instalado na mesma rua – e a Rua Avanhandava com seus restaurantes reforçam o movimento.

Gustavo Guzzoni, gerente Operacional do Ca’d’Oro, aponta para a iniciativa privada como a responsável pela modificação de cenário. "Alguns empresários resolveram apostar nessa localidade. Isso viabilizou nossa volta e trouxe novos moradores e frequentadores", pontua o executivo. Para o hoteleiro, o regresso do hotel fundado pela sua família foi parte de um movimento fortalecido a cada novo desdobramento. "A região mudou muito e por isso o hotel precisava mudar. Agora, o que chega já vem mudado pelo jeito como as coisas estão agora", teoriza.

Contibuição da administração pública para a revitalização

Atribuir toda a responsabilidade ao empresariado seria, entretanto, omitir o que, pelo menos na intenção, o poder público quis fazer acontecer. As últimas gestões municipais incentivaram a construção de moradias e a chegada de habitantes na região. Segundo dados do Secovi-SP (Sindicato das Construtoras) quase 10 mil ovas unidades habitacionais foram lançadas entre 2001 e 2017 – a maior parte nos últimos sete anos. No período de 17 anos citado pelo sindicato, a população do Centro, nos distritos Sé e Repúlbica, cresceu 27%, enquanto no restante da cidade o aumento foi de 12%.

No contraponto, é preciso lembrar que os bairros do Centro ainda sofrem com limpeza e moradias precárias, prédios antigos abandonados e gente desabrigada. Parte desses problemas, inclusive, ficou escancarado com o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, no início de maio.

O crescimento da população e as mazelas endêmicas à região, no entanto, não apagam as transformações que de fato acontecem. Muitas delas, aliás, são fruto de uma dobradinha entre prefeituras regionais e associações de empresários. É o que acontece no do Largo do Arouche. Ali, trabalhadores, moradores e proprietários de comércio uniram-se para apresentar pleitos em busca de melhoras na segurança, limpeza e estrutura do bairro.

revitalização centro de são pauloO centro tem sido palco de diversos eventos populares

Juan Troccoli, proprietário do restaurante El Punto Gringo, lidera o grupo. "Ser uma associação nos dá força para podermos reclamar com o poder público e, assim, conseguimos ser atendidos", comenta. 

No conjunto de representantes do Arouche está Erivan Dantas, gerente geral do San Raphael, hotel aberto nos anos 1950. E, de acordo com ele, os hóspedes também estão entre os beneficiados com a transformação das imediações. "Estamos falando de uma organização apolítica. Preocupada em zelar pela conservação do bairro e pela atração de novos investimentos e turistas para cá", pondera. Segundo o executivo, numa das primeiras ações alcançadas pela associação, proprietários de restaurantes, moradores e funcionários da prefeitura fizeram um mutirão de limpeza muito bem-sucedido.

Nas próximas ações envolvendo o poder público no Arouche, Dantas conta que haverá uma completa remodelação da praça principal do bairro. Segundo ele, a prefeitura, ainda sobre a gestão do ex-mandatário João Dória Júnior, fechou acordo com o consulado francês. A representação europeia ficou responsável por captar recursos que financiassem uma reforma na praça principal do largo. O projeto já teve andamento e, agora, aguarda aprovação de mais uma instância municipal, já que o equipamento é tombado como patrimônio histórico.

"Uma região revitalizada será capaz de nos fazer mostrar a mais gente os segredos do Arouche, uma região reconhecida, e de todo o Centro", pontua Trocolli.

(*) Crédito das fotos: Filip Calixto/Hotelier News