Crédito - Campos Neto_programa folhaCampos Neto: empresas com receita acima de R$ 10 milhões podem acessar

O programa de financiamento à folha de pagamento passará, em breve, por modificações. A afirmação foi dada ontem (1) por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, durante audiência pública virtual em comissão mista do Congresso. Segundo o executivo, a ideia é acelerar os desembolsos, que estão represados. Além disso, o projeto deve ampliar seu escopo de atuação, indo além das organizações com faturamento até R$ 10 milhões.

Do orçamento original de R$ 40 bilhões, sendo R$ 34 bilhões do Tesouro e R$ 6 bilhões dos bancos privados, o programa liberou apenas R$ 1,97 bilhão até agora. Na audiência, Campos Neto indicou que empresas com faturamento bruto anual em 2019 de R$ 10 milhões a R$ 50 milhões devem se tornar elegíveis para a tomada de empréstimos. 

Pelo que foi apresentado na audiência, haverá extensão do programa por mais dois meses. Além disso, será liberado financiamento para empresas que mantiverem ao menos 50% dos postos de trabalho. Antes, era necessário que mantivessem 100% das vagas, informou a Reuters. “Eu acho que, com as modificações, conseguiremos atingir uma coisa perto de R$ 20 bilhões (em liberação de empréstimos)”, afirmou Campos Neto.

Crédito para hotelaria

Caso confirmado, a notícia é extremamente positiva para a hotelaria. Isso porque muitos dos hotéis faturam em uma faixa superior a R$ 10 milhões anuais. Com isso, o setor como um todo pouco pode aproveitar da linha. Redes de grande porte no país, como Atlantica Hotels e Accor, tem articulado, por meio do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), para ampliar o acesso a financiamentos para o setor. Há ainda a questão de represamento, uma vez que, de forma geral, a liquidez de crédito injetada pelo governo não chegou na ponta, como mostram os números citados acima.  

Sobre esse assunto, o presidente do BC voltou a dizer que serão anunciadas em breve novas medidas para o crédito, buscando maior direcionamento na ponta. Sobre o custo dos empréstimos, Campos Neto destacou que, se o país adotar punição muito grande em relação à remuneração do crédito para os bancos, provavelmente o spread vai subir. “Essa não é a solução”, ponderou.

(*) Crédito da foto: Adriano Machado/Reuters