Em um mundo onde a sigla ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser um plus e se tornou o plano de voo obrigatório para qualquer empresa que queira ter futuro e não apenas faturamento, debater o tema com profundidade e leveza é fundamental. E foi exatamente nesse clima que o Grupo R1 realiza hoje (24) o R1 Talks ESG, evento que não só elevou o assunto, mas também serviu de palco para uma dupla comemoração de respeito: 20 anos de estrada da companhia e o aniversário de 10 anos da TES Cenografia. O encontro ocorreu no Grand Hyatt São Paulo, na capital paulista.
O evento foi aberto por Raffaele Cecere, CEO do Grupo R1, que ressaltou a importância das iniciativas sustentáveis nas ações da empresa. “Falar de ESG, para nós, é muito fácil, porque é uma frente na qual estamos trabalhando há anos, não só na parte de sustentabilidade, mas também no social. Nosso objetivo com esse encontro é promover o fomento de novas ideias e conexões”.
Logo após a cerimônia que deu início ao evento, a jornalista Rosana Jatobá apresentou o tema Como o ESG está mudando a realidade das empresas. “Muitos estudos mostram que empresas que possuem uma agenda ESG engajam melhor os colaboradores, fomentam a inovação e elevam a reputação e receita consideravelmente”, destacou a palestrante.
Durante sua explanação, Rosana ressaltou que o mundo vive um momento de transição para uma existência mais sustentável. “Fazer essa transição para uma economia de baixo carbono, respeitando os limites da natureza, é um processo difícil. A crise climática é real: por exemplo, hoje temos cada vez mais ondas de calor e secas extremas (+134% frente a 2000), e vemos a temperatura global subir consideravelmente. Se continuarmos nesse ritmo, com altas emissões de carbono, além de eventos extremos, nossa sobrevivência no planeta ficará comprometida”, apontou a jornalista.
Impactos e legislação
No primeiro painel do R1 Talks ESG, Rosana pontuou que, no Brasil, a crise climática se reflete diretamente na matriz energética. “Em um momento de falta de chuvas, as usinas hidrelétricas perdem capacidade, e as termelétricas entram neste cenário, gerando uma série de impactos ambientais”, explicou a palestrante.
Diante desse cenário preocupante, a pressão dos consumidores para que as empresas adotem práticas ESG tem crescido significativamente. “Atualmente, quase 90% dos consumidores querem que as companhias assumam a responsabilidade socioambiental por sua atuação. Além disso, 49% já boicotaram marcas que não aderiram a essas práticas”, disse Rosana.

Os investidores têm acompanhado este movimento, com 85% deles considerando o ESG na tomada de decisão, segundo dados da McKinsey. “Eles já estão relatando que essa tomada de decisão alinhada com o ESG tem dado muito mais lucro”, ressaltou.
Nos últimos anos, de acordo com Rosana, a legislação tem obrigado as empresas a seguir uma série de normas socioambientais no Brasil. “Os relatórios ESG para companhias listadas na bolsa de valores serão obrigatórios. É uma forma de induzir melhores práticas e de evitar o greenwashing“, afirmou, destacando que essas companhias podem ter acesso a diversos benefícios caso as novas práticas sejam atestadas, não só no ambiental, mas também no social e na governança, como políticas de bem-estar de colaboradores, melhor remuneração, apoio a comunidades locais, entre outros pontos.
Realidade na hotelaria
A onda do ESG não é apenas uma tendência, mas uma reconfiguração fundamental para o setor hoteleiro. Neste segmento, a parte ambiental, principalmente, ganha destaque imediato, pois hotéis têm alto consumo de recursos, como água e energia, além de uma geração significativa de resíduos. A adoção de práticas como a redução do uso de plástico single-use (como amenities individuais), a implementação de energia renovável (placas solares) e a gestão eficiente de lavanderias não são mais diferenciais, mas sim expectativas do mercado e dos hóspedes.
Além disso, o aspecto Social é crucial. Hotéis que promovem a diversidade em suas equipes, oferecem boas condições de trabalho e investem em cadeias de suprimentos locais e éticas (comprando de pequenos produtores da região, por exemplo) constroem uma reputação mais sólida. Essas ações não só melhoram o engajamento dos colaboradores, mas também enriquecem a experiência do hóspede, que busca cada vez mais saber a origem dos produtos e o impacto da sua estada.
A junção desses fatores é o que dita o sucesso e a resiliência de um empreendimento hoteleiro no futuro. Hóspedes corporativos e viajantes de lazer estão dispostos a pagar mais por marcas que comprovadamente demonstram responsabilidade, tornando o ESG um poderoso motor de receita e de fidelização, além de facilitar o acesso a financiamentos e investimentos “verdes”.
(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News

















