A desvalorização do real tem desempenhado um papel crucial no aumento do fluxo de turistas estrangeiros para o turismo brasileiro. Entre janeiro e maio deste ano, 3,28 milhões de viajantes internacionais visitaram o país, um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado e o maior contingente desde 2018.

Nos primeiros cinco meses do ano, o volume de receitas de turistas estrangeiros atingiu US$ 3,21 bilhões, um crescimento de 17,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior (US$ 2,72 bilhões). Em média, cada visitante internacional gasta US$ 1.070 durante sua estada no Brasil.

O meio de acesso predominante foi o transporte aéreo, representando 60,3% das chegadas. Destacam-se os aumentos no número de turistas estrangeiros oriundos do Paraguai (36%), França (25%) e Portugal (23%), segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

“Embora o fluxo de turistas ainda não represente um recorde no número de visitantes, o movimento de receitas foi o maior desde o início dos levantamentos realizados pela Embratur em 2013”, ressalta Fabio Bentes, economista da CNC.

Impactos no turismo interno

Apesar da estabilidade em maio, o volume de serviços do turismo brasileiro tem mostrado consistência, com uma alta de 4,0% nos últimos 12 meses encerrados em maio, distanciando-se positivamente em 4,6% em relação a fevereiro de 2020. No entanto, após dois meses consecutivos de crescimento, o Iatur (Índice das Atividades Turísticas) apresentou uma leve retração de 0,2% em comparação com abril deste ano.

Um dos principais obstáculos para a retomada do turismo interno tem sido o aumento no preço das passagens aéreas. “O reajuste no preço das passagens aéreas, que encerrou o ano passado com alta de 47%, desacelerou. Ainda assim, o aumento de 20% no acumulado do ano até maio é um obstáculo à retomada do turismo interno”, observa Bentes.

Setor de serviços

Em maio, o volume de receitas do turismo brasileiro manteve-se estável em relação ao mês anterior, conforme revelado pela PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) divulgada pelo IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A estabilidade observada representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 0,3% da leitura anterior, mas as atividades terciárias registraram perdas mensais em apenas um dos últimos sete meses. Com base neste cenário, a CNC revisou para baixo a expectativa de crescimento do volume de serviços, de 2,2% para 2,1%, comparado ao ano passado. Por outro lado, a previsão de crescimento do volume de receitas no setor de turismo foi ampliada de 2,7% para 2,9%.

“O impacto da estabilidade no setor de serviços deve ser analisado com cautela, considerando o crescimento que tivemos nos meses anteriores”, explica José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Atualmente, o volume de receitas do setor de serviços está 12,7% acima do registrado em fevereiro de 2020, mês anterior à pandemia de Covid-19. Os serviços prestados às famílias apresentaram um aumento de 3,0%, e os serviços profissionais, administrativos e complementares registraram uma alta de 0,5%. Esses segmentos evitaram uma queda no volume mensal de receitas do setor, enquanto os serviços de informação e transportes apresentaram recuos de 1,1% e 1,6%, respectivamente.

Expectativas para o futuro

Diante do atual cenário econômico, marcado por incertezas quanto ao desempenho no segundo semestre, a CNC revisou suas expectativas de crescimento para o setor de serviços e turismo. A previsão de crescimento do volume de serviços foi ajustada de 2,2% para 2,1%, enquanto a previsão para o setor de turismo foi aumentada de 2,7% para 2,9%.

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