Vista da Praia de Boa Viagem a partir de uma das 272 habitações da unidade THG em Pernambuco

Marcelo Augusto de Oliveira foi enfático quando perguntamos qual é o maior desafio de trabalho em Recife. Para ele, o principal percalço, do ponto de vista comercial, diz respeito à competitividade do centro de convenções do destino. “É notável a falta de investimento. Creio que o Estado está buscando modelos, mas ainda é algo que precisa de melhor planejamento", disse ao  Hotelier News, o gerente geral do Transmérica Prestige Beach Class International, unidade do THG (Transamérica Hospitality Group) na capital Pernambucana.

Segundo Oliveira, o volume de negócios, com um equipamento atualizado, seria bem mais significativo, como já houve num passado recente. "Recife era a capital que recebia os principais congressos do Nordeste. Isso fazia com que houvesse movimentação em toda a cadeia comercial da cidade, não só no ramo hoteleiro”, lembra. De acordo com ele, a frequência de convenções na cidade servia como ensejo para promover também o turismo de lazer e aí está mais um problema da realidade atual. “A falta desse mercado fez também que se perdesse a oportunidade de divulgar a cidade como um destino turístico de lazer. Se a vinda de grandes eventos fosse recuperada, poderia restaurar também a questão do turismo de lazer do destino, algo que para a hotelaria é muito importante", opina o gerente geral.

Mesmo nesse cenário, a movimentação do turismo de lazer cresceu, pelo menos na unidade pernambucana da THG. De acordo com o dirigente, o fluxo de hóspedes de lazer cresceu de 25% para 35% nos últimos meses. “Isso faz com que a dependência do turismo corporativo seja reduzida, e a oscilação dos índices de ocupação durante o ano também diminuam", esclarece.

A primeira metade do ano foi satisfatória para o Transamérica. A diária média, por exemplo, ficou R$ 285. "É uma tarifa bem interessante. Atingimos uma taxa de ocupação acima de 65% no período”, revela. O bimestre de pior desempenho, segundo o gerente, ocorreu entre maio e junho. Greve dos caminhoneiros e Copa do Mundo foram os fatores apontados para a baixa. 

Oliveira antecipa que, para o segundo semestre, a projeção é o reaquecimento do mercado. "Esperamos atingir uma taxa de 70% de ocupação, mantendo uma diária média entre R$ 290 e R$ 300", antecipa. Segundo ele, já é o momento de articular ações para datas de alto fluxo como Réveillon e Carnaval. "Iniciamos o segundo semestre já pensando no período de janeiro a março, porque Recife tem crescido muito no turismo de lazer”, conta. 

“Isso é muito significativo para nós, porque durante o ano o desempenho oscila menos, quando se começa a ter faturamento melhor com o turismo do lazer forte. Quando o mercado corporativo oscila, não se tem uma grande perda", explica.

Outro fato positivo citado pelo gerente é o crescimento nos voos internacionais partindo da capital pernambucana. Frequências diretas ligando Recife a destinos como Lisboa, Madri e Miami são novidade. "Tem também para Argentina, Uruguai, Colômbia, e o Chile terá uma operação em breve”, acrescenta o gestor. 

A força aeroportuária se confirma com bom número de voos domésticos também. “Atualmente temos um volume de visitantes do Nordeste muito significativo. Percebemos que aos fins de semana, o público é muito mais regional do que público da região Sul e Sudeste, na época de férias já é mais abrangente, tanto internacional como nacional”, detalha.

Oliveira está na hotelaria desde 1992

Marcelo Augusto de Oliveira: mais de 25 anos de carreira no THG

Formado em Administração de Empresas, Oliveira conta com uma pós graduação em Hotelaria. Vindo de uma carreira no Banco Itaú, o executivo começou no segmento em 1992 no próprio THG, na área Financeira e Administrativa. A partir de 1998, migrou para as áreas operacionais. "Nesse mesmo ano tive meu primeiro desafio como gerente no Ninety em São Paulo. Em 2001 fui para Belo Horizonte fazer minha primeira implantação, voltando no ano seguinte para realizar mais uma implantação na unidade do aeroporto de Congonhas. Depois passei pela área corporativa, ficando dois anos como gerente operacional corporativo", rememora.

Em seguida surgiu a oportunidade para Oliveira vir para o Nordeste, na primeira unidade da empresa na região. "Havia um modelo de administração diferente dos padrões da rede e era necessário um profissional que já tivesse experiência dentro do Grupo para poder implantar a filosofia e os valores da rede", explica. Desta forma, o gerente geral está há sete anos na capital pernambucana.

Segundo Oliveira, Recife proporciona facilidades de locomoção. "Em 10 minutos chego de minha residência até o empreendimento. Há o acesso fácil, algo que não teria em São Paulo, por exemplo. Tenho a oportunidade em me exercitar todas as manhãs com uma caminhada com a bela vista para o mar”, conta. “A orla de Recife é muito bem frequentada, não só pelos turistas, mas pelos próprios residentes locais. Leva-se no máximo uma hora para qualquer região. E aqui na zona sul, em meia hora se está na zona norte, isso com trânsito. Os deslocamentos na cidade são tranquilos".

Futuro empreendimento em Recife anima Marcelo

Sobre um provável reforço da rede na cidade, o gerente demonstra empolgação. Há planos para uma unidade , da marca Fit, para daqui um ano. "Já estou trabalhando, junto com a construtora com as adequações necessárias no desenvolvimento do empreendimento. Desse modo vou trabalhar ajudando na implantação do hotel. Não sei se serei o gestor ainda, mas a parte da intermediação administrativa e da implantação estou executando", diz.

Até a possibilidade de administrar duas unidades existe. “Seria um desafio fazer a gestão de dois empreendimentos, um mais luxuoso e outro econômico. Solidificar mais um produto seria um desafio. Estou bastante animado", finaliza Oliveira.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News