A indústria hoteleira tem, cada vez mais, incorporado iniciativas de bem-estar em suas operações. O Wellness Real Estate Report 2024, da RLA Global, com dados da HotStats, destacou que o crescimento de receitas relacionadas ao bem-estar foi significativo em 2023. O estudo, que analisou mais de 11 mil hotéis, dividiu as propriedades em três categorias: bem-estar principal, bem-estar menor e sem bem-estar. Cada categoria apresentou crescimento em métricas como diária média, RevPar e TrevPar.

Conforme é descrito pelo Hospitality Net, o relatório revelou que as propriedades com foco em wellness apresentaram crescimento positivo, mesmo com a disparidade no desempenho entre as categorias. Os hotéis de bem-estar principal, que geram mais de US$ 1 milhão ou 10% da receita total de wellness, registraram um TrevPar 65% superior às propriedades de bem-estar menor. No entanto, o crescimento ano a ano destes empreendimentos foi de apenas 6%, com um leve declínio de 1% no ADR.

As unidades de bem-estar menor, que geram menos de US$ 1 milhão ou 10% da receita total de wellness, destacaram-se com o maior crescimento de ocupação, aumentando o RevPar em 29% em comparação com o ano anterior e o TrevPar em 26%. Essas propriedades também demonstraram maior flexibilidade na otimização de custos operacionais.

No caso das propriedades sem foco no segmento, embora também tenham experimentado um crescimento, a expansão foi mais limitada em comparação às propriedades que investiram nesse segmento.

Em termos de desempenho global, as Américas lideraram o crescimento do TRevPAR nas categorias de bem-estar principal e secundário, com destaque para as propriedades de luxo. A região da Ásia-Pacífico, também conhecida como APAC, e África apresentaram um crescimento expressivo no GOPPAR (Lucro Operacional Bruto por Quarto Disponível), indicando uma recuperação dessas regiões no pós-pandemia. O relatório enfatizou que as propriedades de alto padrão superaram as de luxo em crescimento de ADR e TRevPAR, enquanto as propriedades de luxo se destacaram no GOPPAR.

Tendências emergentes e impacto das iniciativas no segmento

Além de destacar o impacto das receitas, o relatório apontou que o mercado de wellness continua fragmentado, com diferentes ritmos de crescimento entre as categorias de hotéis. Enquanto as propriedades de bem-estar principal se concentram em oferecer serviços de alta qualidade, como spas e clubes de saúde, as de bem-estar menor tendem a otimizar custos e flexibilizar suas operações.

Entre as tendências que estão moldando o setor, a personalização e o uso de tecnologia ganharam destaque. Hotéis estão utilizando IA (Inteligência Artificial) para analisar preferências dos hóspedes e personalizar experiências, desde assistentes virtuais até dispositivos de monitoramento de saúde. As comodidades nos quartos incluem ferramentas de biohacking, óculos bloqueadores de luz azul e programas de meditação guiada.

O futuro do segmento na hotelaria

A integração de programas holísticos, como workshops de bem-estar, retiros, aulas de meditação e seminários nutricionais, continua a atrair um público cada vez mais interessado em produtos voltados para saúde e bem-estar. Com as mudanças nas expectativas dos hóspedes, a capacidade de adaptação dos hotéis às necessidades de wellness tornou-se um diferencial competitivo, impactando diretamente as receitas e a ocupação.

O relatório da RLA Global enfatiza a importância do entendimento das contribuições do bem-estar para os retornos financeiros na hotelaria. Hotéis que investem em bem-estar conseguem se diferenciar e aumentar a lucratividade, ao mesmo tempo que atendem à demanda crescente por serviços que promovam saúde e bem-estar.

(*) Crédito da foto: Freepik