O Programa Revive Brasil, criado a partir da cooperação entre Brasil, por meio do MTur (Ministério do Turismo), e Portugal, vem se consolidando como uma das principais apostas do governo para recuperar e reativar patrimônios históricos que se encontram degradados ou sem uso adequado.
A iniciativa estimula que imóveis públicos de relevância cultural sejam restaurados e operados pela iniciativa privada, sob concessão, para receber atividades turísticas e culturais capazes de movimentar economias locais e fortalecer a preservação da memória nacional.
A estratégia segue um modelo já testado em Portugal, mas adaptado à realidade brasileira. O Estado permanece como proprietário dos bens, enquanto empresas ficam responsáveis por revitalizar e operar parte dos espaços, sempre sob regras rígidas de conservação. O objetivo é transformar casarões coloniais, fortalezas, estações ferroviárias e antigas fazendas em equipamentos turísticos com potencial de atrair visitantes e gerar renda, sem desvirtuar o valor histórico dos imóveis.
Entre os bens já qualificados no Brasil está a Fazenda Pau D’Alho, em São José do Barreiro (SP), importante exemplar da arquitetura rural do século XIX no Vale do Paraíba. O conjunto, marcado pela história do café, preserva a estrutura típica das grandes propriedades da época e simboliza parte fundamental da formação econômica da região. Sua concessão deve permitir investimentos em restauro, criação de espaços de visitação e oferta de serviços turísticos sustentáveis.
E foi justamente esse projeto que avançou nas últimas semanas. O governo federal abriu uma consulta pública para discutir a proposta de concessão da Fazenda, etapa obrigatória antes da publicação do edital definitivo. Até 19 de dezembro, qualquer cidadão pode enviar contribuições por meio de formulário eletrônico, acessível no portal Brasil Participativo mediante login. A plataforma reúne todos os documentos do processo, incluindo estudos técnicos e minutas de edital, permitindo que o público acompanhe e avalie cada detalhe da proposta.
Segundo o MTur, que tem desenvolvido uma série de iniciativas no setor, a consulta busca assegurar transparência e ampliar o diálogo com a sociedade, garantindo que o futuro da propriedade respeite o patrimônio histórico, atenda às demandas locais e incentive um turismo responsável. A participação social é tratada como um dos pilares do Revive Brasil, pois permite que especialistas, moradores, pesquisadores e interessados contribuam com sugestões capazes de aprimorar o projeto antes de sua fase final.
Além da consulta on-line, o governo também marcará presença em São José do Barreiro. Uma audiência pública está agendada para 11 de dezembro, às 15h, no auditório municipal, com transmissão ao vivo pelo canal do MTur no YouTube. O encontro servirá para apresentar o projeto, esclarecer dúvidas e registrar manifestações formais dos participantes — mais um passo para aproximar a comunidade das decisões que envolvem o destino da Fazenda.
Iniciativa
Outros bens igualmente relevantes reforçam o alcance do Revive Brasil. A Fortaleza de Santa Cruz de Itamaracá (PE) construída originalmente pelos holandeses no século XVII e reconstruída pelos portugueses no século seguinte, é um exemplo. O monumento carrega séculos de história militar e tem potencial para se transformar em um novo polo turístico após restauro e requalificação. A antiga Estação Ferroviária de Diamantina (MG), inaugurada em 1914 e desativada nos anos 1970, também integra o programa e pode ganhar um novo papel no turismo cultural da cidade.
Ao reativar esses espaços, o Revive Brasil busca mais do que recuperar edificações. A iniciativa pretende inserir o patrimônio histórico no cotidiano das comunidades, criar empregos, impulsionar pequenos negócios e ampliar o fluxo turístico de forma sustentável. Se mantiver o ritmo e a participação social que tem mobilizado, o programa pode inaugurar um novo ciclo de valorização e uso inteligente da memória arquitetônica brasileira — transformando bens antes esquecidos em destinos vivos, acessíveis e economicamente sustentáveis.
(*) Crédito da foto: Divulgação

















