Com o fim do terceiro trimestre, a JLL divulgou o relatório Q3 Global Hotel Investment Trends, que aponta tendências para 2025, além de resultados da hotelaria global no período encerrado em setembro. De acordo com o estudo, o RevPar global do setor hoteleiro cresceu 12,8% nos primeiros oito meses de 2024 no comparativo com 2019, ainda no pré-pandemia. O indicador foi impulsionado, principalmente, pela realização de grandes eventos e avanços tímidos de oferta.

Embora o desempenho continue robusto, a demanda desacelerou pelo segundo trimestre consecutivo, em decorrência da redução das viagens de lazer e do declínio na poupança do consumidor, principalmente nos Estados Unidos. Embora o fortalecimento das viagens de negócios, grupos e internacionais tenha atenuado algumas dessas quedas, os destinos de resorts e lazer tiveram um desaquecimento significativo de resultados.

O investimento internacional no setor atingiu uma alta de três anos, com 18% dos negócios de investidores estrangeiros. O volume total de transações subiu 14% no acumulado do ano, atingindo US$ 42,1 bilhões. Hotéis de luxo e serviços selecionados surgiram como os segmentos mais atraentes para investidores.

No recorte regional, a Europa ganhou destaque, com avanço de 6,3 pontos perventuais de RevPar nos últimos três meses, consequência também dos Jogos Olímpicos de Paris, na França. Na Ásia-Pacífico, a reabertura de todas as fronteiras no final de 2023 ainda não estimulou tantas viagens quanto o esperado, com o indicador acumulado no ano ainda 10,7% abaixo de 2019.

Nas Américas, o desempenho enfraqueceu à medida que a poupança do consumidor recua. Os recentes cortes nas taxas do Fed proporcionarão algum alívio ao consumidor, o que deve beneficiar as viagens domésticas no médio prazo.

De acordo com a JLL, no Brasil, o setor hoteleiro encerrou 2023 com ocupação de 60,8%, superando os níveis pré-pandêmicos. Para o período, a diária média foi de R$ 390,80, crescimento de quase 35% frente ao ano anterior, o que resultou em um incremento de quase 40% em RevPar.

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Tendências para 2025

O relatório da JLL aponta, ainda, para uma desaceleração do crescimento de oferta como um fator farovável ao desempenho dos hotéis em operação e às transações hoteleiras.

O desempenho global dos empreendimentos deve se normalizar em 2025, com crescimento anualizado esperado para retornar a níveis abaixo de 4%. As viagens de lazer, que foram o principal impulsionador da demanda na era pós-Covid, serão moderadas, enquanto as viagens em grupo, corporativas e internacionais retornarão aos de 2019.

O aumento tímido de novas propriedades no mercado, sustentado por altos custos de desenvolvimento, ajudará o setor a manter suas taxas elevadas, ainda que as despesas sejam elevadas. Essa dinâmica, combinada com declínios nas taxas de juros, deve estimular um aumento significativo nas transações de ativos, bem como fusões e aquisições.

Os empreendimentos de luxo serão os maiores destinatários de capital, com as marcas provavelmente mirando portfólios para impulsionar o crescimento líquido da unidade, um impulsionador-chave do valor para os acionistas.

A JLL aponta para uma oferta global com alta de 2,4% ao ano nos próximos cinco anos, 180 bps a menos que sua média de longo prazo, já que o número de quartos em construção caiu quase 8,5% em relação ao pico de 2019.

Esse crescimento mais lento da oferta beneficiará os hotéis existentes, principalmente em mercados onde a demanda ainda não se recuperou. Propriedades em núcleos urbanos e outros mercados com alta barreira de entrada provavelmente serão os mais afetados positivamente.

(*) Crédito da capa: Freepik

(**) Crédito da imagem: Divulgação/JLL