Com ingressos esgotados desde maio para quatro dos sete dias de shows, o Rock in Rio não é aguardado apenas por uma legião de fãs de música. O festival, que comemora 40 anos na edição deste ano, se tornou uma fonte de renda bilionária para a Cidade Maravilhosa e para uma cadeia de diferentes atividades econômicas, entre elas a hotelaria e o turismo. De acordo com dados da FGV (Fundação Getulio Vargas), o megaevento vai gerar impacto de R$ 2,9 bilhões para a economia carioca.

Realizado de dois em dois anos, o festival retorna à Cidade do Rock em setembro. O público previsto é de cerca de 760 mil pessoas entre os dias 13 e 22, aponta o Valor Econômico. O levantamento da FGV mostra que a receita gerada pelo Rock in Rio neste ano será a maior desde 2017, quando a pesquisa foi iniciada e o faturamento foi de R$ 2,4 bilhões.

“O Rock in Rio é fundamental para a economia do Rio. A cidade já se prepara para esse evento, que tem magnitude similar a Carnaval e Réveillon. Os hotéis enchem e os voos ficam lotados em um grande fluxo turistas para a cidade”, afirma Luiz Gustavo Barbosa, responsável pelo estudo e professor da Escola de Administração Publica e de Empresas da FGV.

Impacto na hotelaria

A edição do ano passado foi um dos fatores que mais impulsionaram a hotelaria do Rio. De acordo com dados divulgados pela STR, a capital fluminense ficou no top 5 global de RevPar. O relatório aponta que o aumento de preço na cidade foi próximo a 100% frente a 2019, período pré-pandemia.

A ocupação, por sua vez, ficou em 81,84% no primeiro final de semana do festival. Já no segundo, a média subiu para 94,51%, destaca relatório do HotéisRIO (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro). “Foi um setembro histórico para o hotel, e acho que não falo só por mim, mas por todo mercado hoteleiro”, disse Mônica Aguiar, gerente do Copa Sul, à época.

Visando desempenho similar ou superior neste ano, diversos empreendimentos estão se planejando e organizando para receber alta demanda. Vizinhos à Cidade do Rock, os hotéis Courtyard by Marriott e Residence Inn by Marriott Barra da Tijuca iniciaram uma intensa preparação para receber os turistas que chegam ao destino para aproveitar os dias de festival.

Um estudo promovido pela Lighthouse aponta que a edição de 2024 do Rock in Rio não deixará a desejar. Os dados de previsão de demanda mostram que, entre os dias 13 e 22 de setembro, a procura por hospedagem configura o triplo comparado a uma data normal.

Fomentando o turismo

Este ano, uma iniciativa inédita visa reforçar a contribuição do festival para a economia carioca. Os ingressos darão direito a descontos em vários pontos turísticos como Cristo Redentor e Bondinho do Pão de Açúcar durante todo o mês. “Não vejo outra solução para o Rio de Janeiro que não passe pela equação da questão cultural, que vai desaguar na questão turística e do entretenimento. A vocação, a cara da cidade é essa, mas muitas vezes essa vocação não é explorada em sua plenitude”, afirma Roberto Medina, idealizador do Rock in Rio.

A edição deste ano também será responsável pela criação de 32,6 mil postos de trabalho na cidade, segundo o relatório da FGV. A cadeia envolve 14 atividades econômicas relacionadas aos setores de turismo, transportes, logística, alimentação, hospedagem à indústria do audiovisual.

“E obviamente, o setor de economia criativa. Você vai do cara que ajusta um fio até quem carrega a guitarra de um artista. É um volume enorme de atividades de suporte e de micro e pequenas empresas beneficiadas”, complementa Barbosa.

Na abertura das vendas, em dezembro, quando as atrações sequer haviam sido anunciadas, os 180 mil ingressos disponibilizados esgotaram-se em apenas duas horas. Na venda oficial de ingressos, em maio, quatro dias inteiros (13, 14, 20 e 22 de setembro) esgotaram em pouco mais de duas horas e meia.

De acordo com a organização do festival, 54% dos compradores são do estado do Rio e 20% de São Paulo. Além disso, as entradas já foram vendidas para fãs de 31 países diferentes. “A marca Rock in Rio por si só vende a cidade do Rio de Janeiro, internacionalizando a nossa imagem além do Brasil”, afirma Daniela Maia, secretária de Turismo do Rio.

(*) Crédito da foto: Divulgação