O Hotelier News continua sua viagem pelo Brasil para entender como anda a retomada da hotelaria no país. Depois do Ceará, nossa reportagem desembarcou em Santa Catarina, estado com destinos turísticos de lazer consolidados e boa demanda corporativa. Com a pandemia aparentemente controlada, a luta da hotelaria catarinense é pela flexibilização da permissão de capacidade dos hotéis. Isso porque, pelo que ouvimos, a demanda até que está vindo…

Osmar Vailatti, diretor-presidente da ABIH-SC, diz que decretos dos governos limitam a 50% a oferta de quartos em muitas cidades. “É o caso de Florianópolis”, acrescenta Vailatti. “Já alguns municípios têm permissão para até 70%, mas varia muito. Penha, onde fica o Beto Carrero World, já tem permissão para vender 100% dos apartamentos”, contextualiza.

Segundo Vailatti, as diferentes entidades ligadas à hotelaria vêm trabalhando para flexibilizar os decretos. O objetivo é chegar à alta temporada com 100% da capacidade disponível. “Claro que dependemos também do melhor controle da pandemia. Se mantivermos essa queda nos números de mortos e de contágios, como diariamente acontece, haverá mais procura e famílias viajando.”

No feriado da Independência, Santa Catarina teve boa demanda, assim como outros estados, levando otimismo. “Já estamos nos preparando tanto para os próximos feriados, quanto para a alta temporada”, revela Aleandro Lemos, gerente regional de Operações da Atrio Hotel Management. “Acreditamos que, devido à alta do dólar e à impossibilidade de viagens internacionais, Santa Catarina volta a ser um dos principais destinos nacionais”, aposta.

Lemos revela que, no auge da pandemia, a Atrio chegou a fechar todos os empreendimentos no estado. Gradualmente, a partir de junho, iniciou o processo de reabertura. “Temos oito hotéis em Santa Catarina, todos já em funcionamento”, comenta. “Quanto à ocupação, a média atual é de 20%, isso levando em conta os limites autorizados”, acrescenta.

Santa Catarina - retomada_Aleandro Lemos

Lemos revela que Atrio acredita no potencial de Santa Catarina e vai inaugurar hotel em Criciúma

Santa Catarina e o lazer

Quem também passou um período fechado foi o Infinity Blue Resort & Spa, em Balneário Camboriú. Após 100 dias, o empreendimento retornou às operações em 1º de julho. “A cidade, atualmente, trabalha com 40% de capacidade. Então, voltamos a operar de maneira reduzida”, comenta Juliana Campeoto, gerente Comercial do resort. “Estamos com todos os serviços à disposição, à exceção da sauna. E, devido à pandemia, aproveitamos para fazer uma virada de chave de algumas coisas que já queríamos. Com a parada, tornou-se mais viável”, completa.

Entre as mudanças, o resort catarinense aproveitou para fazer um reposicionamento de marca, apostando em serviços mais exclusivos e personalizados. “Era algo que já vínhamos no processo de mudança desde agosto de 2018. Aproveitamos para acelerar essa troca de perfil”, explica Juliana.

Desde a volta, o Infinity Blue vem se beneficiando da demanda positiva, isso dentro da realidade do mercado. “Fechamos todos os fins de semana próximos a 80% de ocupação. Não houve nenhum abaixo desse patamar”, revela. “Durante a semana, criamos campanhas de estímulo e estamos tendo de 20% a 30% de ocupação”, completa.

Quanto ao público no estado, não há grandes surpresas. “Santa Catarina tem localização estratégica, com o Rio Grande do Sul como vizinho e, ao norte, o Paraná. São importantes mercados emissores, assim como São Paulo, que é perto”, diz Vailatti. “É possível pegar o automóvel e estar em qualquer lugar do estado. Temos destinos fortes na alta temporada e isso favorece o turismo regional”, avalia.

Lemos, por exemplo, também diz perceber as estradas mais cheias. “A BR 101, que corta o estado, teve aumento no volume de carros. Paralelo a isso, os aeroportos também tem retomado o número de voos”, comenta. “Ainda falando no perfil dos clientes, esse turismo regional é tanto para negócios, quanto para lazer”, adiciona.

Santa Catarina - retomada_Osmar Vailatti

Segundo Vailatti, mercado catarinense tem se comportado bem até aqui, evitando guerra tarifária

Os números da retomada

Ciente de que a retomada aos patamares pré-pandemia requer uma longa caminhada, a hotelaria catarinense desenha metas de longo prazo. Segundo Vailatti, ainda que apresente tarifas um pouco menores do que 2019, não está havendo guerras tarifária. “E nem vai haver, porque, na medida em que há melhora na demanda, a tarifa é que vai fazer a diferença”, analisa. “Do contrário, o hotel pode até ter uma ocupação espetacular, mas o resultado será pequeno porque houve precificação correta. É importante que o hoteleiro também tenha esse cuidado”, recomenda.

Há ainda razoável otimismo devido aos patamares atuais de ocupação, mesmo diante dos decretos que limitam a capacidade. “Em relação a 2019, obviamente não chegamos ao mesmo resultado, mas nossa principal meta é empatar a operação. É afastar os riscos de prejuízo”, diz Campeoto. “Refizemos o orçamento e estamos superando a meta. Então, acreditamos que será possível talvez até chegar à lucratividade”, prevê.

É tamanho o otimismo da Atrio que a rede fará uma abertura no estado. “O verão deve atrair muitos turistas para o estado e estamos otimistas com a evolução do mercado”, indica Lemos. “Prova disso é que vamos abrir um hotel em Criciúma, mesmo diante desse cenário, acreditando na retomada do estado”, diz.

(*) Crédito da capa: Cassiano Psomas/Unsplash

(**) Crédito da foto: Divulgação/ABIH-SC

(***) Crédito da foto: Divulgação/Atrio Hotel Management