Os dados do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) já indicavam o caminho. A hotelaria brasileira ensaia (e acelera) a recuperação após anos difíceis pós-Copa do Mundo de 2014. Nessa retomada de 2019, o país se destaca também na América do Sul, com algumas de suas cidades registrando as maiores taxas de crescimento do continente, apontam dados da STR. Destaque para São Paulo, que eleva preço e ocupação nos finais de semana e se firma como um destino muito além de negócios na região.

Números da STR obtidos com exclusividade pela reportagem reiteram o cenário acima. O continente teve bom desempenho, com alta em todos indicadores – e com a demanda (room nights vendidos) superando a oferta (inventário existente). Os dados mostram leve expansão na ocupação (+1,8%), com a alta da diária média (+8,7%) puxando o RevPar (+10,7%). O incremento do último indicador, por sinal, foi o mais alto nos últimos 10 anos. A base de comparação é sempre o ano anterior.

“Chama atenção o fato dos destinos sul-americanos virados para o Atlântico terem registrado resultados melhores do que as voltadas para o Pacífico”, observa Patricia Boo, Area Director da STR para as Américas Central e do Sul. Apesar das quedas registradas no RevPar dessas praças, a executiva destaca que cidades como Santiago, Lima e Cusco detêm, em valores absolutos, as diárias médias e ocupações mais altas do continente. “Mais ainda, é interessante ver como, em 2019, o Brasil teve o melhor desempenho da região, especialmente se compararmos os desempenhos em moeda local e em dólar”, completa.

STR: análise Brasil

Ao comparar os dados da STR e do FOHB, notam-se performances bem parecidas. No caso da empresa americana, as altas de ocupação, diária média e RevPar foram de 4,4% (para 59%), 7,1% (para R$ 305,16) e 12% (para R$ 179,41), respectivamente. “Podemos efetivamente falar de uma recuperação no Brasil, a partir dos dados coletados. Muitas praças apresentaram expansão do RevPar com retomada de tarifa, o que é muito positivo”, pontua Patricia. “Importante notar também a demanda vem crescendo bem acima do incremento de oferta, o que é natural diante da recessão dos anos anteriores”, completa.

A STR identificou expansão de diária média nos principais mercados do país, à exceção de Recife. “Rio de Janeiro parece reencontrar seu caminho. Até mesmo a Barra da Tijuca teve boa recuperação, com expansão nos três indicadores analisados. Vale destacar que o Rio sempre teve as diárias mais altas do continente, além de ocupações elevadas, acima de 70%”, comenta Patricia. “Belo Horizonte também teve boa retomada de preço, o que impulsionou o incremento do RevPar dos hotéis locais”, completa.

Agora, pelo que mostram os números da STR, São Paulo parece mesmo um pouco à frente das demais praças. Com a maior ocupação do país em 2019 (64,2%), a cidade fechou 2019 com a segundo tarifa mais alta (R$ 384,84), atrás apenas do Rio.

“O trabalho de promoção vem fazendo efeito, melhorando o desempenho nos finais de semana (veja infográfico acima), o que sempre foi um gap da hotelaria paulistana”, diz Patricia. “De 2017 a 2019, diária média na cidade avançou 18,5%”, completa. “Ao mesmo tempo, o protagonismo da cidade como destino para o segmento Mice vem ajudando cada vez mais os resultados da hotelaria. Ainda assim, ao fazer esse recorte de dados, pensávamos que o impacto do segmento fosse maior”, finaliza Patricia.

Dados STR - Brasil e América do Sul_21019(2)

(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News