tendencias 360- liveConvidados analisaram o mercado do ponto de vista de seus segmentos

No último dia de lives, o Tendências 360º trouxe o painel Viajar. Após três dias de debates sobre o futuro do mundo dos negócios com início no dia 15, o evento online promovido pela Nazdarovia Eventos convidou três profissionais do setor de viagens de diferentes segmentos para analisar as perspectivas do mercado e o papel do turista na retomada.

Com moderação de Carolina Haro (Mapie), Ricardo Freire (Viaje na Viagem); Flávia Lorenzetti (Selina) e Eduardo Fleury (Kayak) debateram o cenário atual da pandemia e expectativas para o setor de viagens no segundo semestre. Freire fez uma análise sobre os diferentes perfis de turistas e como cada um vem reagindo ao isolamento social. “Estou dividindo os viajantes em três grupos: despachados, ressabiados e abstinentes. Cada um deles vai viajar em diferentes tempos”, explica.

Para o editor do Viaje na Viagem, em um primeiro momento, viajar será visto como uma atitude politicamente incorreta, o que pode frear a retomada do setor. “O que antes sempre foi admirado, passa a ser considerado errado. As pessoas não vão mais ostentar suas viagens como antes, pois críticas irão surgir. É um período que vamos reaprender a viajar de forma discreta, ao contrário do pré-pandemia”.

Na hotelaria, a head do Selina no Brasil comentou algumas mudanças que vêm sendo implementadas nas operações e projetos futuros da rede. “O coronavírus nos pegou de surpresa. Estávamos em expansão acelerada e fechamos todas as unidades. Nesse momento, tivemos que repensar o modelo, pois temos quartos compartilhados. Em projetos futuros, estamos revendo essa formatação, pois já era um produto com dificuldade de aceitação pelo brasileiro”, afirma.

Apesar da crise, o Selina vê oportunidades no novo normal. Após o longo processo de quarentena e isolamento social, a tendência é que os chamados nômades digitais cresçam ainda mais, o que é um prato cheio para o grupo. “O conceito de viajar com um computador de baixo do braço será ainda mais difundido e fará mais sentido para a qualidade de vida”, avalia.

Líder de Operações da Kayak no Brasil, Fleury compartilhou alguns dados da plataforma a respeito da intenção de viagens dos brasileiros e o impacto da pandemia no setor. Se antes, a malha aérea doméstica oferecia 15 mil voos semanais, em abril o número caiu para 1.200. Mesmo com o aumento para três mil voos em julho, o recuo ainda é de 80%.

“Em regra geral, quando a preocupação com a pandemia começou em março, tivemos um pico de 50% de crescimento em buscas por viagens, remarcações e replanejamentos. Em compensação, no final do mês, vimos uma queda de 70% no volume de buscas por viagens nacionais”, explica. “Não dá para manter o turismo em pé com este cenário”.

Tendências 360º: papel do turista

Um dos assuntos abordados foi o papel do viajante de forma engajada na retomada. Segundo Flávia, no final de semana de 12 de junho, a unidade de Florianópolis registrou 100% de ocupação e quase nada de consciência dos hóspedes. “Foi impressionante. O bar da praia estava cheio e quase ninguém usava máscara. Um turismo nem tão consciente assim com muitas pessoas se comportando normalmente, como se nada tivesse acontecido”.

Já de olho no Réveillon, muitos viajantes estão se planejando com antecedência, comportamento fora do padrão brasileiro. “Em nossas, pesquisas constatamos que 80% dos turistas pretendem passar a virada na praia, p que gera aglomeração. Temos que pensar nisso sem esquecer de viajar pra perto. Até o momento, nenhum destino está saltando aos olhos dos brasileiros, apenas macrotendências para o turismo doméstico”, diz Fleury.

“Vai chegar o momento que teremos que decidir quais destinos oferecem as melhores condições. Estamos mapeando 100 destinos brasileiros e toda semana fazemos updates sobre em quais lugares o número de casos está caindo e onde está aumentando. Lugares que planejávamos viajar talvez não sejam a melhor opção”, destaca Freire.

(*) Crédito da foto: odiin/Unsplash

(**) Crédito da foto: reprodução da internet