Em outra publicação, o Hotelier News fez uma análise de como andam as perspectivas de retomada do mercado corporativo. Nicho ainda fortemente afetado pela crise, as viagens de negócios são uma fatia relevante ao setor hoteleiro, principalmente para ocupações durante a semana. Ainda diante de um cenário de incertezas, empresas articulam uma recuperação tímida e receosa. Impactadas pelo efeito dominó que a pandemia causou, qual o real papel das TMCs como catalisadora do segmento business?

De acordo com dados apresentados pela Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), em março, 79% das viagens corporativas haviam sido canceladas. Quatro meses depois, em julho, a Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas) já sinalizava alguma recuperação, com vendas que somaram R$ 96 milhões no segundo trimestre. Os números foram 42,7% acima do comercializado entre abril e junho, resultado que consolidou a tendência de retomada.

Na prática, as TMCs atuam como assessoria e consultorias na organização de estratégias para viagens de negócios. Desta forma, ficam encarregadas de cuidar de aspectos burocráticos como compra de passagens, reservas de hotéis e passeios. Com grande parte dos clientes afetados financeiramente pela crise, as operadoras precisarão estar mais antenadas e assertivas quanto aos protocolos e necessidades das empresas.

Parceira de peso do setor, a B2B Reservas é uma ponte entre as agências e hotéis. A plataforma voltada ao segmento business afirma que, segundo seus próprios dados, a recuperação já começou. “Temos um papel importante como distribuidor em fazer a conexão entre os hotéis, agências, operadoras e empresas. Observamos que o mercado corporativo começou uma leve retomada em julho e cresce a cada mês de acordo com a reabertura dos hotéis e recuperação da nossa malha aérea nacional, que já conta com mais de 900 voos diários”, conta Marcos Fernando Gay, CEO da B2B.

Em setembro de 2020, a plataforma atingiu 43% do volume de reservas pré-pandemia. Segundo Marcos, a hotelaria independente vem protagonizando o retorno. “Estes estabelecimentos representam 80% da oferta do país. Como no lazer, a demanda corporativa também está retomando do interior para os grandes centros. Companhias de telecomunicação, saúde, agronegócio, óleo, gás e pequenas empresas dos mais diversos setores estão liderando essa retomada”.

TMCs- papel na retomada - marcos fernando gay

Marcos: empresas precisam ser abastecidas com informações

TMCs: informação como fator impulsionador

Em alguns meses, o mercado sofreu reviravoltas nunca antes vistas. Para ajudar a nortear clientes nesta nova fase, as TMCs têm papel relevante como fonte de informações, seja sobre a hotelaria, destinos e aéreo. “Neste momento, as empresas precisam ser abastecidas com informações sobre quais hotéis estão abertos, situação da malha aérea, se fornecedores adotaram protocolos recomendados e negociações de tarifas”, destaca o CEO da B2B.

Do outro lado do balcão, os fornecedores contam com as TMCs para identificar destinos onde clientes concentram demandas atuais e futuras. “Elas apoiam negociações, checam disponibilidade e tarifas em plataformas de distribuição e selfbooking que empresas utilizam. Além de implementar meios de pagamento seguro que reduzam exposição ao risco financeiro”, complementa Marcos.

Na Copastur, TMC de gestão e consultoria de viagens, processos foram revistos e capacitações foram implementadas. Foram 5 mil treinamentos internos implementados para os 3.806 colaboradores. “Promovemos treinamentos para estar mais próximo do cliente e dar orientação e consultoria sobre protocolos de hotéis, aéreas, locadora de veículos entre outros parceiros”, explica Edmar Augusto Bull, presidente da empresa.

Ele afirma que a empresa vem focando em treinamentos de assessoria, com reuniões diárias entre todos os departamentos. “Realizamos uma média de 50 e 60 encontros virtuais com funcionários apresentando temas sobre o mercado e reforçando que o mundo não parou. Também nos preocupamos com o colaborador, dando assistência e os deixando mais tranquilos sobre o que estamos fazendo. Somos consultores e temos que ter dentro do portfólio tudo que está acontecendo. Documentação, certificados, protocolos de hotéis. Temos em nosso banco de dados o que cliente final precisa”.

Com base de clientes dentro e fora do país, a Copastur também investiu em novos produtos, como o Goya, marca voltada ao corporativo de luxo. “Criamos o produto para atender clientes premium. Estamos com muitas novidades. Nossos clientes não estão indo para o exterior, porém pequenas e médias empresas estão se locomovendo dentro do Brasil. As multinacionais estão começando a voltar e estamos prontos para atendê-las”, reforça Bull.

Bull: temos que ter dentro do portfólio tudo que está acontecendo

Redução de budget e novas tecnologias

Negócios reduzidos pela crise geraram reduções drásticas no budget para viagens corporativas. A situação eleva ainda mais a importância do poder de redesenho de tarifas em prol da sustentabilidade das empresas. Para Marcos, novas políticas terão papel fundamental. “É preciso que novas políticas de negociações sejam priorizadas, pois só assim os planos das empresas terão êxito. Neste novo mundo digital pós-pandemia, a segurança, a qualidade dos serviços/produtos e a flexibilidade tem que imperar sobre os preços”.

Bull explica que a Copastur atua diretamente com políticas internas, sempre visando o melhor para o cliente. “Conseguimos ajudar nossos parceiros em tudo que nos disponibilizamos. Seja com políticas, deslocamento, seguro. Reforçamos também a responsabilidade por parte dos fornecedores para dar maior segurança”.

Buscando auxiliar os dois lados e contribuir no planejamento e cadastramento tarifário, a B2B Reservas criou a B2B Booking. A ideia é que os hotéis informem seus protocolos contra Covid-19, além do lançamento de novos canais de atendimento. “Aperfeiçoamos nossa plataforma de pagamento que estimula as empresas a utilizarem o cartão virtual como principal meio de pagamento. Na outra frente, intensificamos ações em parceria com os bancos e TMCs para incentivar as empresas a utilizarem o cartão virtual (VCN) como principal meio de pagamento. E atuamos em parceria com as empresas no cadastramento de novos hotéis para ampliar o conteúdo online nas plataformas de selfbooking”, releva Marcos.

“Se tem um legado que a pandemia pode nos deixar, é que nos forçou a uma imersão digital sem precedentes e impulsionou as empresas a fazerem arranjos, ou até mesmo se reinventarem, para seguir em frente. Outro passo importante dado foi a aceleração do uso do cartão virtual como principal meio de pagamento das despesas com hospedagem, velho sonho realizado. Plataformas tecnológicas serão a ponte para conectar o mundo analógico ao digital, de forma simples, flexível e acessível”, complementa o CEO da B2B.

(*) Crédito da capa: Pixabay

(**) Crédito das fotos: Divulgação