Paulistano da gema, Allan Sztokfisz é pai de duas meninas e praticante de artes marciais. Co-fundador do Charlie, o executivo de 42 anos gosta de ir ao parque com suas filhas em seu tempo livre. Em entrevista ao Hotelier News, o profissional aborda os desafios do short-term rental, segmento em franco momento de expansão no mercado brasileiro.

Formado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), com intercâmbio na Universitat Politecnica da Cataluña, em Barcelona, na Espanha, Sztokfisz acumulou experiências em diferentes áreas antes de empreender.

O executivo atuou no ramo de bens de consumo, na Cadbury Adams; em consultoria, quando trabalhou na Accenture e Integration, e no segmento de Private Equity, na Patria Investimentos.

Presença confirmada na terceira edição do Hotel Trends Orçamentos, marcado para o dia 2 de setembro, no Novotel Morumbi, em São Paulo, Sztokfisz conta no Três perguntas para como o Charlie desenvolve seu budget, levando em consideração a concorrência da hotelaria em grandes centros urbanos. As inscrições estão avertas no link.

Três perguntas para: Allan Sztokfisz

Hotelier News: Quais são as prioridades no desenvolvimento dos orçamentos para short-term rental? O segmento leva em consideração a concorrência de hotéis e resorts?

Allan Sztokfisz: No caso do Charlie, como a estrutura operacional das unidades é bastante otimizada (uso de tecnologia) e há pouca oferta de serviços adicionais, como A&B (Alimentos & Bebidas), o foco no desenvolvimento é a projeção do RevPar. E para uma perspectiva mais assertiva, olhamos qual a variação de oferta adicional que estimamos para a região, bem como diárias praticadas pela concorrência (usando os hotéis como parâmetros também) e uma estimativa dos grandes eventos que tendem a se concretizar no período. Como atuamos em regiões urbanas, não olhamos os resorts como parâmetro.

HN: Como você enxerga o cenário do short-term rental para 2025? Quais as principais mudanças de mercado que afetam a construção dos orçamentos?

AS: O short term-rental é um segmento novo, que tem crescido consistentemente em receita nos últimos anos, e acreditamos que continuará com um aumento de dois dígitos na demanda. Porém, ao mesmo tempo há um potencial aumento de oferta de unidades, principalmente em São Paulo, o que pode pressionar o RevPar em algumas regiões. Dessa forma, para a construção dos orçamentos, há a necessidade de um olhar em profundidade em cada microrregião, além de demandar aumento de investimento nos times de vendas e campanhas de mídias.

HN: O short-term rental vem sofrendo proibições em destinos importantes, como Barcelona e Nova York. Na sua visão, qual seria o impacto no mercado brasileiro, caso o país adotasse medidas semelhantes?

AS: Além da locação por temporada estar estabelecida na Lei do Inquilinato, vejo uma realidade no Brasil bem diferente, já que houve um processo de gentrificação nas grandes cidades globais, dificultando o acesso a moradia nesses centros urbanos. O que não ocorre no Brasil, pois há um aumento relevante na oferta de apartamentos nos principais bairros e uma boa parte do inventário destinado à locação por temporada, se dá nesses novos empreendimentos, o que inclusive contribui para a manutenção de um patamar sustentável de valores de locação e, consequentemente, do valor do ativo imobiliário. Ou seja, havendo uma proibição, poderia trazer impactos negativos nos valores de locação e dos imóveis de forma geral, além de potencialmente reduzir o fluxo de pessoas entre as cidades, desestimulando a economia local.

(*) Crédito da foto: reprodução/LinkedIn