cincinato luiCincinato: a hotelaria, como atividade, não mudará

Com muita bagagem na área comercial, Cincinato Lui, diretor de Vendas e Marketing da Slaviero Hotéis, tem uma visão pragmática sobre os impactos da pandemia no setor hoteleiro e retomada das atividades. Para o executivo, além dos ajustes operacionais, o mercado de hospedagens não sofrerá grandes mudanças.

Convidado para participar da série Três perguntas para, o curitibano falou sobre os desafios da rede diante da crise e acredita que muitas águas ainda vão rolar na economia como um todo. Formado em Administração de Empresas e pós-graduado em Administração Estratégica, Lui ainda acumula cursos de Gerenciamento Hoteleiro e Revenue Management pela Cornell University, nos Estados Unidos.

No turismo, permanenceu por sete anos como diretor de Vendas e Operações de Jurerê Internacional. Na hotelaria, atuou durante nove anos da Rede Deville nos cargos de gerente de Hospedagem e gerente geral. Já na Intercity, trabalhou como gerente geral por quase dois anos. Há três anos na Slaviero, ingressou na rede em 2017 como gerente regional de Operações e, em 2018, foi promovido a diretor de Marketing e Vendas

Três perguntas para: Cincinato Lui

Hotelier News: O mercado hoteleiro passa por dificuldades semelhantes em tempos de pandemia. Para a Slaviero, quais serão os maiores desafios na retomada do setor?

Cincinato Lui: O desafio número um é manter a saúde dos nossos colaboradores e clientes, além de seguir normas de higiene. Será uma nova forma de fazer a limpeza dos apartamentos, manter o controle de distanciamento, EPIs, etc. Falando mais especificamente sobre o negócio, o desafio será a geração de caixa. O nível estará baixo e demandará recursos que deverão ser buscados de outra forma, como a liberação dos créditos do governo, trabalhar com custos bem mais baixos e a manutenção de um caixa mínimo para suportar as operações.

HN: Atualmente, a Slaviero possui hotéis em pipeline? Caso sim, como serão definidas as retomadas das obras e datas para abertura dos hotéis?

CL: Todos os projetos de expansão estão em stand by. Há um desconhecimento muito grande ainda sobre o pico da curva da doença, quando a retomada dos negócios vai acontecer, do momento da recuperação e em que velocidade ela irá ocorrer. Isso faz com que todos os planos de médio e longo prazo sejam colocados na prateleira para esperar que o cenário fique um pouco mais claro e a gente possa redesenhar o futuro.

HN: Como será a hotelaria do futuro? A pandemia vai transformar o setor? Como?

CL: Acho que não mudará muito, apenas as questões do distanciamento nos restaurantes e as questões de higiene nos apartamentos e recepções. Agora, como atividade, acho que não muda. A pandemia não vai transformar o setor, mas sim a sociedade, o ser humano. Vamos nos preocupar muito mais com a nossa saúde e a do próximo. Grandes congressos e feiras serão reduzidos, a hotelaria que aluga salas para reuniões sofrerá uma queda nesse segmento, usando soluções tecnológicas com muito mais frequência.

É um momento de muita incerteza, então nenhuma pergunta tem uma resposta objetiva. Só vamos conseguir fazer projeções a médio e longo prazo quando tivermos um indicativo de quando a curva termina. O retorno será lento e muita gente vai ficar pelo caminho, muito investidor vai fechar hotel para esperar sair da linha vermelha. O consumidor também terá que fazer o seu caixa, da mesma forma que as empresas, ver como estará a curva do desemprego. Tem muita coisa pela frente ainda.

(*) Crédito da foto: Divulgação