Se Claudia Baumgratz tivesse um lema, acredito que seria “quanto mais inusitado, melhor”. Apaixonada por natureza, mountain bike e passeios a cavalo, a gerente do Comuna do Ibitipoca faz da sua vida pessoal campo de pesquisa para o profissional. Criadora de experiências de luxo, ela afirma que seu grande desafio é inovar nos serviços e vivências dos clientes.

Com mais de 60 carimbos em seu passaporte, a executiva possui mais de 10 anos de experiência no mercado de luxo e sustentabilidade, trabalho que exerce com prazer e admiração. “Sou completamente apaixonada por hotéis de experiência em lugares inusitados e conceitos diferenciados. Gosto de desbravar o que é menos óbvio, sempre em busca de propostas mais instigantes”, conta.

No Comuna do Ibitipoca desde sua abertura, a gerente revela procura sair do mainstream na oferta de experiências, além de administrar sua própria agência de viagens. “Meu grande desafio hoje é inovar. Antigamente fazíamos refeições ao ar livre, piqueniques surpresa, mas hoje em dia está batido e queremos ir além para aprimorar nossos serviços”.

Com bons números na retomada, a hospedagens no interior de Minas Gerais viu seu público habitué retornar com algumas mudanças de comportamento. Segundo a profissional, o home office e flexibilizações no ambiente de trabalho gerados pela pandemia abriu portas para novas possibilidades de negócios, com destaque para o long stay.

“A pandemia mostrou as possibilidades do home office, e isso é uma conquista que muitos não querem perder. Foi a parte “boa” de toda essa situação. Com mais flexibilidade no trabalho, vimos a procura na Comuna aumentar”. A entrevista completa você confere a seguir.

Três perguntas para: Claudia Baumgratz

Hotelier News: A Comuna do Ibitipoca tem uma proposta low profile que segue a tendência pós-luxo. O que esperar desse perfil de meio de hospedagem no pós-pandemia? Como o empreendimento tem explorado essa mudança de comportamento do turista?

Claudia Baumgratz: De fato, a Comuna da Ibitipoca sempre teve proposta low profile, baseada no pós-luxo, que é o luxo das experiências. Entregamos o mínimo de confortos, mas com atenção especial às vivências que passam por exclusividade, privacidade, sempre valorizando momentos junto aos amigos e a família. Se essa sempre foi a nossa diretriz, agora com a pandemia está mais atual do que nunca. As pessoas aprenderam ao longo do isolamento a importância da companhia dos seus, de estar em lugares mais privativos e exclusivos, abertos e ao ar livre. A pandemia promoveu essa mudança de comportamento, alertando para esse tipo de luxo que sempre proporcionamos.

HN: O long stay também veio forte nos últimos meses, impulsionados por famílias que querem fugir do confinamento. Você acredita que é uma mudança que veio para ficar?

CB: Acredito que sim, aconteceu uma grande inversão imobiliária, de conceitos e até mesmo de gestão de trabalho em várias empresas. Criou-se uma cultura em que as pessoas aprenderam como a é bom estar livre, mesmo em isolamento. A pandemia mostrou as possibilidades do home office, e isso é uma conquista que muitos não querem perder. Foi a parte “boa” de toda essa situação. Com mais flexibilidade no trabalho, vimos a procura na Comuna aumentar. Sempre fomos um hotel de final de semana, mas agora os hóspedes começam a chegar na quarta-feira, permanecendo uma semana e alguns chegaram a ficar 15 dias. É fato que esse movimento está acontecendo no mercado.

Por conta disso, criamos pacotes e modelos próprios, como o sabático, por exemplo, que dá a possibilidade das pessoas ficarem mais tempo com tarifas mais interessantes. E além de apenas trabalhar a distância, o hóspede também pode se envolver com projetos nossos. As crianças têm a oportunidade de continuar aprendendo, mas em uma escola ao ar livre, sem paredes, com foco em agroecologia, línguas, arte e cultura. Adultos também podem participar de atividades no campo ambiental, de produção de alimentos, cultural e social e ter uma experiência mais profunda. Talvez quando passar o ápice da pandemia essa demanda de long stay mude por conta do efeito chicote, mas esse será um direito adquirido e acordado entre funcionários e empresários.

HN: O que esperar de 2021? Para você, qual a maior lição tirada de 2020 em nível tanto pessoal quanto profissional?

CB: A maior lição, acima de tudo, é a resiliência para conseguirmos nos reinventar, aprender, estar de pé e quem sabe, prontos para dar um passo à frente. É conseguir encontrar oportunidades em momentos adversos por meio da inovação, e não digo tecnológica, mas de retroagir, ver o que funcionava antes, observar novas alternativas e se autoconhecer para aprimorar. Poder proporcionar esse tipo de experiência para os outros e torná-los pessoas melhores e mais atentas, aprendendo com o passado em como construir um futuro melhor.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Comuna do Ibitipoca