Vivendo no país desde 2014, o francês Daniel Topper ainda está descobrindo as belezas do Brasil. “Gosto muito do interior de São Paulo, da Bahia, das praias da região de Maceió ou da atmosfera de Florianópolis”, diz o CEO da Zarpo, convidado de hoje (2) do Hotelier News na sessão Três perguntas para.

Natural de Paris, Topper tem bastante experiência no mundo digital. Antes de chegar a Zarpo, em janeiro desse ano, trabalhou 12 anos em empresas de e-commerce e tecnologia, tanto na Europa, quanto na América Latina. No período, acumulou passagens pela Cdiscount/Cnova até o IPO, além de ter atuado na Loggi e Mirakl. Novato no turismo, chegou ao setor em meio a um turbilhão.

“O início da pandemia foi bem difícil, especialmente os meses de abril e maio. Assim como todo o setor, nossos indicadores caíram bastante e chegamos a fazer apenas 15% da receita de 2019 nesse período”, relembra. “Se 2020 vai ficar marcado como o ano da pandemia, imaginamos que 2021 será o ano da vacina e da volta progressiva ao normal. O otimismo é necessário!”, completa Topper, casado com Mathilde, com quem teve duas filhas: Jeanne (cinco anos) e Hannah (três anos).

Três perguntas para: Daniel Topper

Hotelier News: Como anda o volume de acessos na plataforma nos últimos meses? Como o indicador se comportou desde o início da pandemia até o momento?

Daniel Topper: O início da pandemia foi bem difícil, especialmente os meses de abril e maio. Assim como todo o setor, nossos indicadores caíram bastante e chegamos a fazer apenas 15% da receita de 2019 nesse período. Depois, as vendas subiram de forma contínua e acelerada, até chegar ao mesmo volume de receita de 2019 nos meses de agosto e setembro. Em outubro, crescemos em relação ao ano passado. E agora, em novembro, tivemos o melhor mês da história do Zarpo, crescendo acima de 10% em relação ao mesmo período em 2019. Esperamos fechar o ano mantendo o crescimento forte para encerrar gerando lucro, mesmo com uma topline cerca de 25% inferior à de 2019 – nossa previsão, no início da crise, era 50% inferior.

HN: O que você pode revelar sobre o comportamento do consumidor nas buscas e reservas? Houve mudanças sensíveis?

DT: No auge da pandemia, sentimos bastante diferença na antecedência de compra. Em abril e maio, com a incerteza da situação, os viajantes estavam reservando com antecedência de 120 a 150 dias. Em agosto já voltamos ao normal, com 50 dias. Em relação aos destinos, registramos crescimento nas buscas por cidades mais próximas ao local de residência, para viajar de carro, o chamado staycation. No entanto, agora os viajantes parecem mais confiantes em retomar as viagens de avião. Na Black Friday, por exemplo, os resorts no Nordeste encabeçaram as vendas e registramos aumento de reservas com aéreo.

HN: Quais suas apostas para 2021 para a retomada do mercado? Qual será o papel da vacina neste processo?

DT: Se 2020 vai ficar marcado como o ano da pandemia, imaginamos que 2021 será o ano da vacina e da volta progressiva ao normal. O otimismo é necessário! A vacina deve reduzir ainda mais o receio de viajar, especialmente após o segundo semestre. Independentemente disso, o turismo brasileiro de lazer já está saindo reforçado desta crise. A junção de uma demanda nunca antes vista por parte dos viajantes, depois de meses de isolamento e considerando as dificuldades de viajar fora (aumento do dólar, fronteiras fechadas, etc), e de uma evolução “forçada” dos padrões de qualidade oferecidos pelas empresas do setor fortaleceu o mercado. O Zarpo, que tem como foco o turismo doméstico, completa 10 anos em 2021. E estamos confiantes em realizar o maior ano da história da empresa.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Zarpo