Guto Jones se define como um militante do turismo. Há mais de 20 anos no setor, o atual secretário de Turismo de Porto Seguro e de Santa Cruz Cabrália, é formado em Educação Física e um esportista dedicado, mas foi como guia de turismo que iniciou sua trajetória profissional no segmento.

Em sua carreira, atuou como gerente Comercial e hotéis de grande porte, especializando-se em gestão. Como servidor público, foi assessor especial da Secretaria de Turismo do destino baiano e secretário adjunto da pasta.

À frente da gestão de um dos destinos mais consolidados da Bahia, Jones fala sobre os desafios de promoção do turismo, práticas ESG adotadas para preservar os atrativos naturais e povos originários de Porto Seguro, além da profissionalização da rede hoteleira da cidade.

Três perguntas para: Guto Jones

Hotelier News: Recentemente, você assumiu o posto de secretário Municipal de Turismo de Porto Seguro. Como um destino consolidado no setor, quais são os caminhos para crescer em termos de demanda de visitantes?

Guto Jones: Os caminhos são um planejamento de posicionamento mercadológico, estando presente, promovendo o já consolidado turismo de sol e praia, histórico, fomentando e articulando para colocar Porto Seguro como um produto com novas opções, entre elas, o turismo rural, étnico, ecoturismo, de observação de baleia e de contemplação com grandes áreas abertas. A cidade configura muito bem essas ofertas, é muito plural com atrativos diversificados.

Temos o conceito naturalista da Vila Caraíva que traz rusticidade e autenticidade ao nosso destino, elegância e o glamour de Trancoso, o charme, gastronomia e a noite de Arraial d’Ajuda, a infraestrutura e o turismo náutico do Litoral Norte, a tranquilidade e beleza da praia do Mutá. Sendo assim, Porto Seguro é uma macro cidade. Além disso, tem rede hoteleira reorganizada, com a acessibilidade, aeroporto, rodoviária e a BR-367. Então, tudo isso faz um conjunto de fatores que ajudam no posicionamento do destino no mercado.

Não tem mágica, não tem varinha de condão, não tem fórmula pronta. Estamos todo dia batendo na porta dos canais de vendas, acionando, startando esses setores junto com o trade para poder fazer funcionar nossa indústria turística.

HN: A rede hoteleira do destino é, majoritariamente, composta por pousadas e hotéis independentes. De que forma a Secretaria fomenta o setor para que a oferta se profissionalize?

GJ: A nossa rede, realmente, não tem grandes bandeiras nacionais ou internacionais, salvo o Club Med, Fasano e a Best Western. Todavia, configura-se por hotéis independentes, num trade pujante, ativo e muito bem capitaneado. A ABIH estadual é comandada por um membro da hotelaria de Porto Seguro, enquanto que a Secretaria de Turismo assumiu o papel de dirigir o processo, dando o norte à ação comercial, fomento e divulgação. Hoje, a agenda não é pulverizada, essa energia está canalizada, direcionada em uma linha única, em que a Secretaria de Turismo realmente fomenta trazendo ao seu lado o trade, orientando para os canais de comercialização e divulgação. Consideramos, então, que temos hoje um setor com equivalência ao de governo de estado, com divulgação e promoção do destino turístico.

HN: ESG é o tema do momento, principalmente quando se trata de destinos de natureza. Como a pasta vem se organizando ao lado da iniciativa privada para preservar as belezas naturais, apoiar a comunidade local e povos originários que habitam Porto Seguro?

GT: ESG, na verdade, é a sigla americana. É In Voice e Social Governamental, que é a questão daquilo que pauta as políticas sociais e governamentais, basicamente envolvendo a gestão ambiental e o fator humano. Nós temos aqui povos originarios, aumentando mais a nossa responsabilidade. Então, o que temos de transversalidade nas ações do turismo para isso? Uma ouvidoria ampla com o setor produtivo, possibilidade aproximação e valorização.

Entre as ferramentas que o município carrega é a Secretaria de Meio Ambiente de Porto Seguro, que trabalha conosco as pautas transversais e ações e eventos, com cunho socioambiental. Do fomento e divulgação da comunidade indígena pataxó, visamos uma matriz de ajuda, desenvolvimento econômico para eles a partir do trabalho turístico com visitações. Assim, exercitamos essas pautas de responsabilidade socioambiental e governança.

Praticamente no âmbito municipal, que é o que podemos responder, é estarmos alinhados a essas boas práticas, reconhecidas nacionalmente e mundialmente. Além do destino de sol e praia, podemos citar a inclusão dos roteiros rurais e os étnicos, diretamente ligados às pautas que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente nos traz, envolvendo também as APAs, como os parques marinhos, tal como Recife de Fora.

Além disso, temos dois parques nacionais envolvidos aqui, portanto, em todas essas ferramentas e ofertas, procuramos agremiar essas pautas que já vêm com suas diretrizes junto à Secretaria de Turismo, afinal, não é uma responsabilidade só do município, embora, a cidade carregue uma boa articulação com as instâncias de governo e com esses equipamentos.

Em Caraíva, a gestão implantou a coleta de lixo com tratores, tirando o animal da situação de trabalho. Também foi implantada a coleta de resíduos sólidos, como vidro, para transformar em matéria-prima para blocos de pavimentação. Porto Seguro também extinguiu o lixão e, a Secretaria de Meio Ambiente, juntamente com as demais pastas, está fortalecendo iniciativas para o uso da energia solar.

Nossas aldeias indígenas ampliaram os setores de visitação gerando renda às comunidades a partir de nossa orientação técnica. Outro ponto importante é a fiscalização que realizamos para coibir menores de serem explorados com trabalho de comercialização de produtos nas praias, uma prática real que não permitimos mais.

(*) Crédito da foto: LinkedIn