Mikaela Paim- tres perguntas para - internaProfissional atua como consultora, restauranteur, administradora entre outros

Novos tempos requerem novos hábitos. A afirmação vem se consolidando como uma máxima não só na hotelaria, mas no modo de consumir da sociedade como um todo. Dentro dos meios de hospedagens, o setor de A&B (Alimentos & Bebidas) foi um dos mais afetados pelas mudanças geradas pela crise. Inovar na experiência de alimentação é um dos botes salva-vidas adotados por hoteleiros e, propor parcerias com profissionais especializados, pode ser um dos diferenciais. Menina prodígio da gastronomia, a consultora Mikaela Paim conversou com o Hotelier News sobre o novo momento do mercado. 

Diretora da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e dona de sua própria empresa, a Mikaela Paim Consultoria, a profissional de apenas 31 anos destaca o papel de especialistas em identificar falhas operacionais e sugerir alternativas. “Neste momento de tamanha instabilidade, insegurança e fragilidade econômica, se torna importante convocar experts e especialistas para a tomada de decisões estratégicas assertivas e coerentes para o novo cenário. O ponto alto de um consultor é enxergar os gargalos e dificuldades do negócio sem estar diretamente envolvido”, afirma.

Natural de São Paulo, Mikaela iniciou sua trajetória aos 14 anos. Aos 17, já estava à frente da administração de restaurantes. Com 20, abriu seu primeiro negócio: um coffee shop com projeto autoria própria. Dois anos mais tarde, começou a prestar consultoria para bares, restaurantes e hotéis.

Formada em Administração e Gestão de Empresas pela University of Liverpool, na Inglaterra, a profissional é especialista em todos os tipos de bebidas alcoólicas do mundo, além de água, chá, café e azeites. Para completar o extenso currículo, ela ainda é sommelière em vinhos e charutos.

Hoje, Mikaela atua como consultora, restauranteur, administradora, palestrante, coordenadora de projetos e especialista em eventos e experiências multissensoriais e juíza de campeonatos no Brasil e no mundo. Em seu portfólio de clientes já passaram marcas como Accor, Renaissance, Palácio Tangará, Maksoud Plaza entre outros.

Três perguntas para: Mikaela Paim

Hotelier News: Diante do novo cenário da hotelaria, qual será o principal papel das consultorias gastronômicas? Quais pontos serão de maior relevância?

Mikaela Paim: Neste momento de tamanha instabilidade, insegurança e fragilidade econômica, se torna importante convocar experts e especialistas para a tomada de decisões estratégicas assertivas e coerentes para o novo cenário. O ponto alto de um consultor é enxergar os gargalos e dificuldades do negócio sem estar diretamente envolvido, dispondo de soluções já reconhecidas para resolução para sanar os problemas detectados. A maior relevância nesse período é atrair o cliente através da experiência, gerando uma vivência diferenciada em um curto espaço de tempo e ao menor custo possível.

HN: O consumidor também mudou de perfil no novo normal. De que forma isso afeta a entrega do A&B?

MP: Certamente o público estará muito mais seleto e contido no pós-pandemia, fragilizado economicamente e também receoso de consumir como antes, muito mais propenso a diminuir os gastos com turismo e lazer. Isso afeta diretamente o setor que perderá não só na rotatividade, como monetariamente. As estratégias de antes já não devem funcionar para o novo normal. Cabe se adequar a essa nova realidade, gerando motivos diferenciados para que o cliente opte por consumir essa nova experiência, privilegiando durante a hospedagem e alimentação, a segurança de todos com valores honestos, em uma vivência cuidadosa e memorável.

HN: Na sua visão, qual será o futuro da gastronomia hoteleira? O que o setor precisa aprender com a crise?

MP: Deve caminhar junto às tendências do setor, valorizando a sustentabilidade dos alimentos de seu plantio à total utilização, ressaltar a cultura local privilegiando o uso de produtos nacional e regionais, aumento do uso de produtos de origem vegetal, diminuição de 20% na quantidade dos pratos, opções individuais personalizadas, aumentando as possibilidades para cada tipo de alimentação, dietas e restrições. A crise nos permitiu enxergar nossas fragilidades e acertarmos o curso das estratégias empresariais. Cabe nesse momento, acelerarmos essa inclinação no futuro da gastronomia. A sustentabilidade, cuidado com cada escolha alimentar e utilização de produtos locais serão o resgate necessário para a culinária se manter viva e funcional, encantando os hóspedes durante sua hospedagem.

(*) Crédito das fotos: Arquivo pessoal