Quando Rodrigo Mangerotti passou pela primeira vez pelo Três perguntas para, em janeiro de 2023, ainda respondia como gerente geral dos hotéis Novotel BH Savassi e ibis Budget Savassi, ambos na capital mineira. Hoje, o executivo atua como vice-presidente de Operações da Accor para a divisão Premium, Midscale & Economy.

Formado em Turismo com especialização em Gestão Estratégica de Empresas, Mangerotti trabalha no setor de hospitalidade há mais de 25 anos. Em sua carreira, passou por importantes companhias, como Pousadas do Brasil, Wyndham Hotels & Resorts e San Diego Hotéis.

Novamente convidado pelo Hotelier News, o executivo fala sobre a reestruturação da gigante francesa, tendências de consumo e personalização da experiência dos hóspedes.

Três perguntas para: Rodrigo Mangerotti

Hotelier News: Como a Accor estrutura suas diferentes bandeiras e quais perfis de hóspedes cada uma delas busca atender?

Rodrigo Mangerotti: A Accor é um grupo hoteleiro líder mundial em hospitalidade, que oferece experiências em mais de 110 países, com 5,7 mil propriedades, 10 mil bares e restaurantes, espaços de bem-estar e coworking. O Grupo conta com um robusto portfólio de mais de 45 marcas, que vão desde o segmento supereconômico ao luxo, oferecendo uma ampla variedade de hotéis para atender a diferentes tipos de viajantes.

Desde o início de 2023, a Accor reestruturou seu portfólio em duas divisões: PM&E (Premium, Midscale & Economy) e L&L (Luxury & Lifestyle). No Brasil, contamos com as marcas Pullman e Grand Mercure, do segmento Premium, Mercure, Novotel e TRIBE, no segmento Midscale, e a família ibis – ibis, ibis Styles e ibis budget, no segmento Economy.

HN: Quais são as principais mudanças de comportamento dos viajantes que você tem observado no setor hoteleiro brasileiro, e como a Accor tem adaptado suas operações para atender essas novas demandas?

RM: O comportamento e as exigências dos hóspedes têm mudado significativamente ao longo do tempo, impulsionados por novas tendências, como o bleisure, em que os viajantes combinam viagens de negócios com lazer buscando hotéis que ofereçam tanto espaços de trabalho eficientes quanto oportunidades de lazer e relaxamento. Alinhada a esse movimento, a Accor conta com espaços de coworking em seus empreendimentos, além de pacotes de serviço que atendem às necessidades do novo viajante.

Outra grande mudança no comportamento dos consumidores é a preocupação com práticas de ESG, buscando hospedagens cada vez mais sustentáveis. A Accor é pioneira em assumir o compromisso de ser Net Zero até 2050 – eliminando emissões diretas, do próprio negócio, e emissões indiretas, de toda a cadeia de fornecedores e clientes.

HN: Como a Accor consegue equilibrar o padrão de qualidade da rede com a personalização dos hotéis para refletir a cultura e identidade local dos destinos?

RM: É possível manter nossos padrões de marca e de excelência e ainda assim estar alinhado com a cultura local. Queremos que nossos hotéis sejam centros de atividades e experiências únicas para hóspedes, visitantes e moradores locais. Estamos cada dia mais tornando nossos bares e restaurantes opções para moradores e visitantes nos destinos em que operamos e recebemos clientes externos, não apenas os hóspedes. Eventos como ibis music, realizados nos hotéis ibis, trazem como protagonistas artistas locais de diferentes gêneros musicais para se apresentarem e gerarem entretenimento para a comunidade.

Além disso, a adoção de soft brands, como a marca recém-lançada pela Accor, Handwritten Collection, permite que propriedades independentes se integrem ao robusto ecossistema da rede, beneficiando-se de nossos recursos globais em fidelidade, vendas, marketing e distribuição, tudo isso com custos reduzidos. A flexibilidade nos padrões de marca facilita programas de renovação mais acessíveis, evitando grandes investimentos. Essa abordagem oferece uma excelente oportunidade para aumentar a visibilidade e a atratividade do hotel, ao mesmo tempo em que preserva a singularidade do empreendimento.

(*) Crédito da foto: Reprodução/LinkedIn