Experiência multidisciplinar e uma carreira praticamente dedicada a uma empresa, um hotel. Sim, Thiago Castro conhece muito bem cada pedacinho do Grand Hyatt São Paulo, onde trabalha há praticamente 16 anos. Para falar um pouco sobre hotelaria de luxo e a retomada do mercado corporativo, Castro é o convidado do Hotelier News no Três perguntas para de hoje (18).

Nesta longa jornada no Grand Hyatt São Paulo, Castro fez de tudo um pouco. No período, atuou nos departamentos de Treinamento, Reservas, Gerenciamento de Receitas, Produtividade e, agora, Vendas e Marketing, da qual está à frente da diretoria. “Isso me atribuiu uma visão muito ampla da operação como um todo e permitiu entender os diferentes perfis de profissionais necessários para cada área”, afirma.

Formado em Hotelaria pelo Senac, é também pós-graduado em Inteligência Competitiva pela FIA/USP. Amante da boa gastronomia, usa seu tempo livre para fazer viagens, além de ser adepto das corridas. Já se arriscou, por exemplo, por diversos quilômetros percorridos e, a cada dia, testa seus limites com um novo desafio a ser superado.

Três perguntas para: Thiago Castro

Hotelier News: Qual o tamanho do desafio atual para a hotelaria urbana neste momento de baixa demanda? Como o Grand Hyatt São Paulo está buscando se posicionar?

Thiago Castro: Possivelmente, o maior desafio já sofrido por nossa indústria. Depois de iniciarmos um promissor ano de 2020, com excelentes resultados e tendências de crescimento, os impactos sofridos foram imediatos e brutais. Vemos uma recuperação consistente mês a mês, mas ainda será um longo caminho. O Grand Hyatt é um hotel muito consolidado após 18 anos de operação e conta com uma base fiel de clientes. A ampla infraestrutura interna e externa contribui muito para isso. São duas piscinas, sendo uma semiolímpica, uma grande área verde ao ar livre, o que nos agregam inúmeras possibilidades conforme a necessidade do cliente. Seguiremos buscando criar novos produtos e experiências, além de suportar nossos clientes a também atravessar esse momento desafiador.

HN: É possível prever quando ocorrerá o retorno aos padrões pré-pandemia de ocupação, RevPar e receita total do empreendimento? Isso só vai ocorrer com a volta do corporativo?

TC: O consenso no mercado fala no segundo semestre de 2021, mas ainda existem inúmeras variáveis que podem mudar estas projeções. Como visto em outras partes do mundo, a retomada mais rápida foi a do turismo de lazer e o público doméstico. Nossas estratégias procuram focar bastante na criação de experiências diferenciadas, como a realização de eventos ao ar livre e parcerias com outras marcas afim de apresentar constantemente novidades aos nossos clientes. Como São Paulo é a capital financeira do Brasil, a retomada do turismo de negócios será, provavelmente, sentida primeiramente aqui. Estamos 100% preparados para receber essa demanda crescente, com novos protocolos e medidas ainda mais rígidas para garantir a segurança e bem-estar de todos. Nosso foco também é oferecer alternativas criativas para este novo normal.

HN: Falando no segmento corporativo, quais transformações mais relevantes podem ocorrer na era pós-pandemia? Será necessário uma reinvenção de toda indústria?

TC: Sem dúvida, o maior uso da tecnologia. Ao longo desses meses, as diversas gerações foram treinadas para se adequarem e se acostumarem com essas novas ferramentas, o que vai exigir mais infraestrutura e investimentos dos hotéis. Apesar de sempre ter estado muito presente em nossa operação, ela está cada vez mais em evidência no nosso caso. Nosso hóspede tem a opção de fazer seu check in 100% online, de abrir a porta do quarto usando um aplicativo de celular em vez da chave física, bem como acessar os menus dos nossos restaurantes por QR code, entre diversas outras coisas. Deixamos o cliente no controle de como prefere se conectar conosco. Os clientes de eventos também contam com uma série de inovações, como um aplicativo para gerenciar a experiência do evento por meio do celular até mesmo equipamentos de alta tecnologia para transmissões ao vivo. São investimentos altos em tecnologias que vieram para ficar e que vão se somar a todas as outras. Continuamos com o mesmo nível de cuidado, mas com o suporte de outras ferramentas essenciais para este novo cenário e para as novas exigências.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Grand Hyatt São Paulo