Desde o fim de abril, o Rio Grande do Sul vive o pior período de enchentes de sua história, e as perdas trazidas são praticamente imensuráveis. Em Gramado, um dos principais destinos do estado, o setor de turismo deve ter prejuízo de R$ 550 milhões até o fim de julho caso não haja a volta das operações do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, apontam dados do Sindetur (Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares da Região das Hortênsias), divulgados na CNN.

Só neste mês, as perdas na cidade devem chegar a R$ 150 milhões. Outros R$ 400 milhões em prejuízos estão previstos para junho e julho, meses de alta temporada em Gramado. O terminal aéreo da capital é a principal porta de entrada de turistas à Serra Gaúcha, reforça a entidade.

“Nosso maior problema é a questão do aeroporto, afirma Cláudio Souza, presidente do sindicato. Ele enfatiza que os acessos rodoviários à cidade estão seguros, com apenas um ponto em que está sendo utilizada meia pista. Além disso, ele ressalta que as estruturas turísticas, como bares e restaurantes, estão intactas e se preparando para voltar às atividades normais.

O Sindetur assinou um acordo com os sindicatos Patronal e Laboral de Gramado no dia 14 de maio com o objetivo de antecipar as férias, feriados, a bolsa qualificação e, principalmente, manter os empregos dos funcionários por 60 dias.

“Os números realmente são muito ruins com relação ao que estávamos projetando. O cenário estava aquecendo bastante, maio é um mês muito bom, o outono aqui é muito bonito. Tivemos redução muito significativa. Temos uma média de ocupação na casa dos 12%. Ano passado tínhamos pelo menos 60% a mais”, explica Ricardo Reginato, secretário do Turismo de Gramado, em entrevista ao G1.

Iniciativas

Na hotelaria, que já vem se movimentando para ajudar o Rio Grande do Sul, o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) iniciou uma campanha para arrecadação de fundos para os hotéis do estado. Os recursos angariados serão destinados às equipes dos hotéis associados para compra de alimentos, materiais de construção, móveis, entre outras necessidades.

Em entrevista ao Hotelier News, Orlando Souza, presidente executivo do FOHB, falou sobre a ação. “Diante da tragédia no Rio Grande do Sul, é fundamental unir esforços de todos os setores. A vaquinha criada para apoiar os colaboradores dos hotéis afetados pelas enchentes é um exemplo do quanto a solidariedade pode fazer a diferença em momentos tão difíceis como este”, pontua.

“Para nós, é fundamental destacar e apoiar todas as iniciativas em prol do estado e dos hoteleiros gaúchos afetados pelas enchentes. Os prejuízos são substanciais, mas acreditamos que, assim como na pandemia, a união de empresas e entidades do setor vai fazer com que, em breve, esse momento difícil fique no passado”, complementa Peter Kutuchian, fundador e CEO do Hotelier News.

Visando minimizar os efeitos trazidos pelas enchentes, Celso Sabino, ministro do Turismo, participou de uma audiência na Câmara dos Deputados e elencou iniciativas do Ministério voltadas à superação das dificuldades enfrentadas pelo setor no estado.

“Uma hora nós vamos superar esse momento e precisamos estar preparados para que a atividade econômica possa ser retomada a todo vapor”, enfatiza. Entre as ações já implementadas pelo MTur (Ministério do Turismo), Sabino citou a liberação de R$ 100 milhões do Fungetur (Fundo Geral de Turismo). Esses recursos serão direcionados para a reconstrução da infraestrutura turística do estado e disponibilizados aos empreendedores privados prejudicados pelas enchentes.

Na reunião, Sabino destacou a união de forças do Governo Federal, Congresso Nacional e Poder Judiciário com o objetivo de auxiliar o Rio Grande do Sul e que o Salão Nacional do Turismo, marcado para agosto no Rio de Janeiro, terá como foco a promoção de ativos gaúchos, a fim de estimular a procura da região por turistas.

Em resposta aos impactos da crise climática, a Accor está unindo esforços para auxiliar colaboradores, clientes e hotéis da região. O fundo global ALL Heartist Fund, criado durante a pandemia de Covid-19, foi ativado para fornecer suporte financeiro aos colaboradores afetados pelas inundações no Rio Grande do Sul. A rede também avalia a possibilidade de acomodar funcionários e suas famílias em hotéis da companhia. Inclusive, há unidades que estão servindo de base para autoridades, grupos de salvamento e voluntários.

“Neste momento de dor e tristeza para muitas pessoas, expressamos a nossa solidariedade e apoio. Estamos aqui nos dedicando para colaborar da melhor maneira possível e, com a nossa união, conseguiremos superar este momento difícil”, afirma Thomas Dubaere, CEO da Accor na divisão Premium, Midscale & Economy das Américas.

Para os clientes que têm reservas em hotéis da empresa, a política de cancelamento foi flexibilizada. Hóspedes provenientes de qualquer região do país, que reservaram uma tarifa não flexível em unidades localizadas no Rio Grande do Sul, com chegada até de 30 de junho de 2024, poderão modificar ou cancelar suas reservas sem penalidade

(*) Crédito da foto: Reprodução/Folha Extra