De acordo com levantamento realizado pela GBTA (Global Business Travel Association), as viagens corporativas globais devem atingir patamar recorde de gastos neste ano, chegando a US$ 1,4 bilhão, ultrapassando os níveis pré-pandêmicos pela primeira vez. A pesquisa da entidade foi realizada com 4,1 mil viajantes de 28 países, revela o Skift.

Em termos de volume, as viagens corporativas não alcançaram o patamar de 2019, mas os gastos tiveram alta, especialmente para voos de longo curso. A pesquisa aponta que 61% dos viajantes e 68% dos gestores dizem gastar mais neste ano do que em 2023. O levantamento também mostrou que 76% dos respondentes viajaram em igual ou maior proporção que em 2019, e o principal propósito de 23% deles foram os seminários e treinamentos. Assim, a associação, que já tinha perspectivas otimistas para o setor, prevê que os gastos globais chegarão a US$ 2 trilhões em 2028.

A cifra representa uma taxa composta anual de 7% entre 2025 e 2028. A GBTA revela, também, que a recuperação varia por setor e região. Seguros, finanças e consultoria viajam com a mesma frequência que em 2019. Já as pequenas e médias empresas estão amplamente acima do patamar do ano pré-pandemia.

Recorte regional

Considerando o total de 2024, a América Latina se responsabiliza por 3,6% dos gastos de viagens corporativas, atingindo US$ 53,3 bilhões, enquanto a Ásia-Pacífico representa 41,3% (US$ 612,6 bilhões), a América do Norte 26,7% (US$ 396,8 bilhões), a Europa 26,4% (US$ 391,1 bilhões) e o Oriente Médio e África, 2% (US$ 30 bilhões).

Esse movimento de alta é creditado principalmente à mudança de padrões dos viajantes. Isso porque os passeios de um dia estão cada vez menos comuns e as viagens mais longas, com múltiplas reuniões ao longo do dia, estão se tornando a norma.

“Os pessimistas pensam que se você tiver apenas reuniões virtuais, isso é tudo que você precisa. E adivinha? A energia vem de conhecer pessoalmente as pessoas. E essa energia se traduz em ganhos financeiros para as empresas”, diz Suzanne Neufang, CEO da GBTA.

Brasil entre os destaques

De acordo com os dados apresentados durante a plenária inaugural da Convenção da GBTA, nos EUA, o Brasil é o 10º país no ranking dos que mais gastam com viagens corporativas, com previsão de chegar a US$ 30,3 bilhões neste ano, e crescimento de 6%. “Ficamos atrás da China, EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Coreia do Sul, Índia e Itália. Vale destacar que o top 15 soma 84% do total, ou seja, US$ 1,25 trilhão”, comenta Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas).

O estudo da GBTA mostra que as potenciais vantagens para o período são a estabilidade econômica vigente, os avanços tecnológicos e o crescimento de alguns mercados-chave. Já os desafios que serão enfrentados incluem a persistência da inflação, a recuperação mais lenta da China, tensões geopolíticas, problemas com força de trabalho, desastres naturais e aceleração da sustentabilidade sem soluções.

(*) Crédito da foto: Pixabay