Ainda que com uma pequena variação (-0,1%) frente a março, o volume de serviços no turismo recuou em abril. Esta é a terceira taxa negativa seguida, período em que a atividade acumulou perda de 1,6%, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados hoje (15). Com isso, o segmento turístico se encontra 0,7% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 6,7% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, a desaceleração do setor este mês teve grande influência do transporte aéreo de passageiros e da locação de automóveis, que puxaram o indicador para baixo.

“Também no setor de alojamento e alimentação, a parte de alojamento está com viés negativo, e, apesar de os restaurantes estarem puxando para cima, não foi suficiente para trazer o índice para o campo positivo”, analisa Lobo.

Regionalmente, apenas cinco dos 12 locais pesquisados acompanharam este movimento de retração no turismo. A influência negativa mais relevante ficou com Distrito Federal (-6,2%), seguido por Paraná (-2,8%), Bahia (-1,3%) e Pernambuco (-1,7%). Por outro lado, São Paulo (1%) e Rio de Janeiro (2,6%) assinalaram os principais avanços em termos regionais.

A queda em abril vai de encontro com uma possível desaceleração do turismo no segundo trimestre, após resultados positivos obtidos durante a alta temporada de verão e a boa demanda gerada por eventos em algumas cidades, como mostramos em matéria recente.

Resultados gerais

O setor de serviços recuou 1,6% em abril na comparação com março, após acumular ganho de 2,1% entre fevereiro e março. Já frente a abril de 2022, o segmento avançou 2,7%, a 26ª taxa positiva consecutiva.

Com isso, o acumulado no ano ficou positivo em 4,8% e o acumulado nos últimos 12 meses passou de 7,3%, em março, para 6,8% em abril, menor resultado desde agosto de 2021 (5,1%). Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços).

A retração foi acompanhada por quatro das cinco atividades investigadas. Assim como em março, o setor de transporte se destacou como a principal influência. Em abril, contudo, o viés foi negativo, como citamos acima. O grupamento caiu -4,4%, devolvendo parte do ganho acumulado (7,5%) entre fevereiro e março.

Serviços - queda em abril

IBGE: atividade hoteleira está com viés de baixa

“Vários segmentos de serviços dentro desse setor acabaram por gerar um impacto negativo: gestão de portos e terminais, transporte rodoviário de cargas, rodoviário coletivo de passageiros e transporte dutoviário. Esses segmentos tiveram importância no âmbito do volume de serviços como todo, ultrapassando a fronteira do próprio setor”, analisa o gerente.

Os demais recuos vieram dos serviços de informação e comunicação (-1,0%), dos profissionais, administrativos e complementares (-0,6%); e dos outros serviços (-1,1%).

“Em serviços de informação e comunicação, as principais influências vieram de serviços audiovisuais (-4,2%) e de tecnologia da informação (-1,2%). Nos profissionais, administrativos e complementares, destacam-se os serviços de engenharia, de apoio às atividades empresariais e de organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções. Já os outros serviços foram pressionados pelos segmentos de serviços financeiros auxiliares e de corretoras de títulos e valores mobiliários”, detalha Lobo.

A única atividade em expansão do mês foram os serviços prestados às famílias (1,2%), que recuperaram parte da perda acumulada entre fevereiro e março (-2,2%). “O ganho nesse mês vem tanto de alojamento e alimentação (3,7%) como de outros serviços prestados às famílias (3,5%). Dentro desse segmento, a parte de atividades teatrais, musicais e de espetáculos em geral teve maior influência”, observa o gerente.

Transportes de cargas e de passageiros recuam

No indicador especial de transportes por tipo de uso, tanto o transporte de cargas (-3,4%) como o de passageiros (-1,4%) apresentaram queda na passagem de março para abril.

No caso do transporte de passageiros no Brasil, foi o segundo resultado negativo consecutivo, período em que acumulou perda de 4,7%. Dessa forma, o segmento encontra-se 0,9% abaixo do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 23,7% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).

Na comparação com abril de 2022, o transporte de passageiros recuou 5,2% e interrompeu uma sequência de 24 taxas positivas seguidas, ao passo que o transporte de cargas cresceu 7,8%, assinalando o 32º resultado positivo consecutivo. No indicador acumulado do primeiro quadrimestre, o transporte de passageiros cresceu 3,9% e o de cargas avançou 10,7%.

(*) Crédito da capa: alevtakil/Unsplash

(**) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News