Wanderléa Trajano

 

O setor de Turismo foi o primeiro afetado pela pandemia e dizem as projeções que será o último a sair. O impacto provado pelo isolamento social e a não aglomeração deixou a hotelaria em necessidade de adaptação. Por isso, nós gestores hoteleiros, precisamos buscar soluções, agora na retomada, principalmente devido as exigências de liberações parciais de leitos, restaurantes, bares, área de lazer e o fechamento de outras áreas como: SPAs, saunas, academias, salões de eventos.

Por isso, é importante atentar para a correta gestão dos processos, procedimentos de segurança, novos protocolos de higienização, aumento da ociosidade de leitos e as previsões de redução brusca de receita. Será necessária uma análise estruturada e bem adequada à realidade do negócio para esse momento, para garantir a máxima segurança e bem-estar dos clientes, colaboradores e parceiros, além do desafio de torná-lo rentável.

No hotel, será preciso criar protocolo para a qualificação da equipe, com temas focados ao distanciamento social, higienização pessoal e dos ambientes, comunicação e monitoramento, checagem de limpeza e frequência dos processos, dentre outros. Também terá a adaptação na compra de novos produtos e suas certificações, materiais e equipamentos. Tudo isso impactará diretamente no fluxo de caixa do empreendimento.

Mesmo com a execução do Plano de Contingência para o período de pandemia, utilização das medidas provisórias do governo para o ramo hoteleiro, renegociação de reembolsos dos recebimentos antecipados e prorrogações de diárias e eventos, entre outros, muitos hotéis fecharam, sem possibilidade de gerar receita, porém com despesas e custos fixos como manutenção, limpeza e conservação. Ocorrem despesas mesmo que a empresa tenha ou não efetuado venda ou tenha ficado no lucro ou prejuízo.

Medidas de prevenção

Nesse primeiro momento deve-se pensar na elaboração de em um fluxo de caixa projetado para até o final do ano. Visando essa redução da receita em virtude do aumento da capacidade ociosa de acomodações, baixa em eventos e aumento das despesas e dos custos. Acredito que isso é muito importante para suavizar a curva de recuperação econômica do hotel e, após a pandemia, e tentar se antecipar às mudanças necessárias evitando o pior, garantindo a sobrevivência do seu empreendimento.

Quero despertar para o CostPar (Custo por quarto disponível), um dos índices da hotelaria pouco tratados, mas importante para lhe ajudar a obter lucro. Esse indicador mostra o custo de cada quarto disponível, como um produto. Para entender melhor como trabalhar e ter rentabilidade mesmo com a redução de quarto disponível e perceber também quando esse produto começará a produzir lucro. Dando suporte, inclusive, para elaboração da grade tarifária e outras tomadas de decisões.

Precisamos compreender que o CostPar mesmo não sendo taxa de venda, poderá ajudar na elaboração da política tarifária, porque o cálculo da taxa inferior começa em CostPAR, valor ao qual um mark up pode ser aplicado, de acordo com a categoria do quarto e dos serviços agregados, ajudando a definir a melhor diária média para obter lucro. É importante lembrar que este não deve ser o único critério para sua tomada de decisão.

Vamos juntos entender como o CostPAR é calculado? 

CostPAR = Custos (fixos + variáveis) + despesas (fixas + variáveis) / número de quartos disponíveis / número de dias de abertura.

Devemos utilizar as despesas e os custos conforme o tipo de estrutura e de serviço oferecidos, e quais estão intimamente ligados ao número de unidades vendidas, desta maneira podemos avaliar que:

  1. Os custos fixos específicos da área de hospedagem são considerados em 100%;
  2. Os custos e despesas variáveis ​​são considerados em % (percentuais);
  3. As despesas fixas são consideradas em % (percentuais).

Existem muitas discussões entre controllers/gerentes financeiros a respeito dos custos e despesas exclusivos e/ou rateados no Centro de Resultado “Hospedagem”, e quais deles poderão ser considerados nessa fórmula para obter com eficácia o resultado do CostPar. Porém, mapear todos os custos fixos é necessário, e nessa retomada, os custos com as novas exigências de higienização e sanitização para controle da Covid-19 não poderão deixar de ser considerados. Precisa também avaliar o volume de despesas variáveis e determinar o Ponto de Equilíbrio (breakeven) do negócio. 

Outra tomada de decisão necessária é definir quais as despesas variáveis eliminadas ou suspensas, que possam permitir o alcance da lucratividade, sem interferir na qualidade dos produtos e serviços ofertados. Porque, isto também é muito importante para determinação da continuidade da operação hoteleira.

Reúna seus dados e encontre o seu modelo ideal e utilize indicadores hoteleiros mais relevantes para direcionar às estratégias promissoras para o seu negócio.

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Wanderléa Trajano é executiva especializada em administração de empresas em diversos mercados, incluindo hospitalidade, onde assumiu posição estratégica no cargo de gerente regional e gerente geral, envolvendo as áreas: administrativa, financeira e operacional. Bacharel em Administração de Empresas e com MBA em Marketing com Ênfase no Ambiente Digital, Wanderléa conta com uma pós graduação em Controladoria, Auditoria e Perícia Contábil e MBA em Gestão Empresarial. Atualmente está cursando Licenciatura em Inglês.

(*) Crédito da imagem/foto: divulgação arquivo pessoal