A aquisição de 18 ativos da Accor pela BTG Pactual Asset Management revela algumas tendências no turismo nacional. Uma reportagem da Exame, que faz parte do mesmo conglomerado do banco, aponta que o movimento de compra dos imóveis da AccorInvest refletem o potencial de crescimento do setor, tanto interno quanto no exterior.

Outro fator decisivo para a transação é a baixa oferta hoteleira, uma vez que os custos para a construção de novos empreendimentos é alto, levando em consideraçao taxas de juros, valores de terrenos e despesas com obras. De acordo com analistas, as tarifas para um hotel recém-construído teriam de ser entre 25% e 30% do que as praticadas atualmente.

O BTG Pactual também mira a crescente demanda por hospedagens de categoria premium e de luxo no eixo Rio-São Paulo, onde estão concentradas a maioria das propriedades adquiridas no acordo entre as empresas.

A venda dos ativos da gigante francesa também tem outro foco: a atenção da Accor em outros mercados. A América do Sul concentra 8% dos quartos e 6% do faturamento da rede. Metade da receita da empresa vem de praças como Europa e Norte da África, enquanto as maiors projeções de crescimento estão na Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África.

Empresa focada na propriedade e gestão de ativos imobiliários hoteleiros, a AccorInvest possui um portfólio de mais de 750 empreendimentos próprios e alugados em 26 países, sendo 44 na América Latina. A companhia possui gestão separada da Accor, que atua com serviços de hospitalidade, programas de fidelidade, mas não é dona dos imóveis onde suas unidades operam.

Esse cenário favorece aquisições e modernizações, como a reforma do Sofitel Ipanema, cuja reabertura está prevista para 2026. Outro exemplo de sucesso é o hotel Rosewood, em São Paulo, inaugurado em 2022, que demonstrou a força da demanda por acomodações de luxo.

Tarifas e potencial de crescimento

Mesmo com o crescimento do segmento de luxo, as tarifas praticadas em hotéis premium no Brasil ainda estão abaixo das cobradas em países como Estados Unidos e na Europa. Empreendimentos de alto padrão no Brasil, como o Rosewood, possuem diárias médias de US$ 500, enquanto em outros mercados globais esses valores são significativamente maiores.

Dos 18 hotéis adquiridos pelo BTG Pactual, quatro estão no Rio de Janeiro, como o Fairmont, Santa Teresa MGallery e Mama Shelter. Juntos, esses estabelecimentos, com vocação turística, representam 60% da oferta de quartos.

Em São Paulo e no interior, a estratégia se volta ao turismo corporativo, com marcas como Mercure, Novotel e Ibis. A Accor seguirá administrando essas unidades, mantendo sua atuação consolidada no Brasil, onde possui 330 propriedades.

A AccorInvest já vinha tentando reduzir sua exposição na América Latina, mas apenas os ativos brasileiros foram incluídos na transação. O BTG investe no setor hoteleiro desde 2007, por meio do fundo Maxinvest (HTMX11), com patrimônio de R$ 202,4 milhões e 500 quartos em São Paulo.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Accor