adit investDesconhecimento de mercado é um dos principais fatores que brecam investimentos

Após o encerramento do painel Perspectivas do setor imobiliário e tendências de investimentos, Juliana Mello, sócia e diretora de Novos Negócios da Fortesec; Fernando Crestana, diretor executivo da BTG Pactual, e Eduardo Malheiros, diretor de gestão e sócio da Habitat, debateram o tema Investimentos em ativos imobiliários e multipropriedade. O bate-papo foi uma das úlitimas dentro da programação da 14ª edição da Adit Invest

Quando abordados por Juliana (mediadora do painel) sobre investimentos em multipropriedades, ambos os convidados são categóricos: cotistas ainda não sentem segurança o suficiente para injetar dinheiro em projetos operados neste modelo. “É um bicho diferente e deve ser olhado como tal. A nossa leitura é que precisam ser projetos excelentes, operados por empresas excelentes, principalmente no pós-venda”, afirma Malheiros. “Quando a incorporadora entrega o empreendimento, é ali que o trabalho vai efetivamente começar. O pós-venda é que vai dizer se será um sucesso ou não”, complementa.

Crestana afirma que prefere direcionar suas gestões de investimentos para condo-hotéis (saiba tudo sobre a instrução normativa da CVM aqui) e que a maioria dos investidores ainda não conhece a multipropriedades. Por isso, considera difícil apontar como o mercado vai se comportar no longo prazo. “O investidor precisa conhecer no que ele está injetando seu dinheiro. Ainda estamos estudando esse produto. A legislação ainda é recente (saiba mais aqui) e ainda estamos em processo de aprendizados”, explica.

“Não sabemos como será no futuro. Será que  os clientes vão continuar pagando as mensalidades e utilizando os quartos?”, ressalta Juliana. A mediadora ainda afirma que um investimento mal-sucedido pode afetar toda cadeia de negócios. “Quando começamos com multipropriedades, não tínhamos nenhum tipo de garantia e os gestores precisam deixar claro os riscos que os cotistas correm no dia a dia”, comenta.

Adit Invest: prazos e concorrências

Segundo Malheiros, outro fator que deve ser levado em conta é o provável aumento de concorrência no segmento. “Tudo que dá dinheiro atrai mercado não é verdade?", comentou. Então, para o executivo, é preciso observar como isso pode afetar a rentabilidade dos empreendimentos. "Com o avanço do mercado, com maior oferta, os preços tendem a cair, por mais que o resort seja bem estruturado. É preciso estar de olho na concorrência que ainda nem existe, mas ela vai chegar”, comentou.

Já Crestana reforça a questão do mercado de multipropriedades ainda ser instável, o que pode levar muitos investidores entrarem com aportes em momentos de euforia, e se darem mal. “Ainda é difícil estipular quando será seguro investir em multipropriedades. É preciso observar o comportamento a longo prazo, saber o que está comprando e existem muitas pessoas tomando essa decisão por puro impulso”, acredita. “A hotelaria atualmente possui apenas um fundo de mercado. É algo tímido que precisa evoluir”, finaliza. 

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News