*O jornalista viaja a convite da organização da Adit Share

Realizada no Tauá Resort & Convention Atibaia (SP), a 12ª edição da Adit Share, aberta ontem (22), traz uma série de discussões e insights importantes sobre o mercado de multipropriedade. O segundo dia do evento começou com a apresentação do painel As dores do mercado de propriedade compartilhada.

O bate-papo contou com participação de Francisco Costa Neto, managing partner da Beta Advisory; José Roberto Nunes, CEO do Mundo Planalto/Hard Rock Hotel Gramado; Danilo Samezina, CEO da Oceanic Empreendimentos; e Diego Vailatti, CEO do Grupo Pedra da Ilha. Abrindo a conversa, Vailatti disse que, apesar ser um momento positivo para o segmento, é preciso cautela na estruturação e venda dos projetos.

“É preciso cuidado, porque é no fim da linha, ou seja, na comercialização, que saberemos se um projeto deu certo. É necessário mensurar cada etapa, principalmente a parte financeira, para não haver surpresas”, destacou o executivo. Complementando o raciocínio, Neto ressaltou que o mercado enfrenta juros altos e a dificuldade de acesso ao crédito privado.

“Vejo um cenário muito pessimista para o futuro e, na parte de desenvolvimento, visualizo o alto padrão ganhando mais espaço, devido à menor taxa de cancelamento. Por outro lado, o funding vai continuar escasso, com poucas opções. Sem dúvida será um grande desafio para a multipropriedade”, acrescentou.

Outras dores

Adit Share - Francisco_Costa_Neto

Neto avaliou e elencou desafios do setor

Durante o primeiro painel do segundo dia da Adit Share, Neto observou que uma das soluções mais viáveis para manter a multipropriedade crescendo é a conversão de pontos, que estimula o multiproprietário a flexibilizar e continuar utilizando o produto.

“Mas cabe lembra que esse sistema só é viável depois da fração comprada. Comercializar pontos dentro da sala de vendas é uma estratégia que não funciona no Brasil, porque faz com que o projeto perca força de comercialização”, complementou.

Samezina, por sua vez, reforçou que uma das principais dores do setor é que os produtos são complexos, pois têm viés imobiliário, turístico e hoteleiro, e que esses três, por muitas vezes, não se conversam, dificultando a criação de novos projetos.

Tomando a palavra, Nunes disse que, falando do modelo convencional de multipropriedade, há um desalinhamento que precisa ser ajustado em toda a indústria, entre desenvolvedores e comercializadores. “Além disso, dependendo da modelagem do empreendimento, o custo de aquisição do cliente pode subir, o que não é nada positivo para quem está desenvolvendo e investindo naquele projeto”, endossou.

Segundo ele, a maior dor, quando se trabalha em parceria com uma marca, é o nível de exigências. “É um ponto que requer muitas análises para entender se é financeiramente viável atender a tudo que é pedido pelas marcas. Passos maiores que a perna não uma boa alternativa”, concluiu.

Por fim, Vailatti acrescentou que um dos principais pontos a serem considerados na concepção de um produto de multipropriedade é a análise de destino e de público, cruciais para garantir a boa performance do empreendimento.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News