As previsões de recuo para o setor de serviços em 2020 continua crescendo. Em outubro, a CNC (Confederação Nacional de Bens, Comércio e Serviços) projetava retração de 5,9%. Segundo dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) divulgados ontem (12), a expectativa subiu para 6,4%.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a tendência é que o setor apresenta recuperação lenta até o fim do ano. “As medidas de estímulo à economia adotadas no auge da pandemia devem produzir impactos menos significativos daqui para frente”, afirma.

Segundo a PMS, o volume de receitas dos serviços cresceu 1,8%, em relação a agosto, já descontados os efeitos sazonais. Foi o quarto avanço consecutivo do setor, que chegou a registrar retração de quase 20%, entre março e maio deste ano, e ainda acumula perda de 8% desde o início da pandemia. Na comparação com setembro de 2019, houve variação negativa (-7,2%) pelo sétimo mês consecutivo.

Entre os grupos de atividade, apenas os serviços profissionais administrativos e complementares (-0,6%), que vinham de três altas seguidas, apresentaram queda mensal. Entre os destaques positivos, os serviços prestados às famílias (+9%) foram os que chamaram mais a atenção. “Contudo, mesmo considerando o avanço significativo dos dois últimos meses, já que em agosto houve alta de 35,1%, este segmento ainda apresenta um nível de geração de receitas 8,5% menor que a média anterior do primeiro bimestre deste ano”, ressalta Fabio Bentes, economista da CNC.

CNC: projeções para o turismo

Um dos setores mais afetados pela crise, o turismo vem dando sinais de reação, com quinta alta consecutiva em setembro (6%), segundo a PMS. No entanto, o nível de atividade do segmento ainda se encontra 44% abaixo do verificado no primeiro bimestre de 2020, antes da pandemia. Em termos comparativos, a situação do setor é mais crítica que a do comércio (+11%), da indústria (+4%) e até mesmo do setor de serviços como um todo (-9%).

A CNC calcula que, em oito meses (de março a outubro), o turismo brasileiro perdeu R$ 228,6 bilhões. Os estados de São Paulo (R$ 82,28 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 33,71 bilhões), principais focos da Covid-19 no Brasil, concentram mais da metade (50,7%) do prejuízo nacional. “Embora menos intensas desde maio, as perdas levam o setor a operar, atualmente, com apenas 29% da sua capacidade mensal de geração de receitas”, afirma Bentes.

Somente no segundo trimestre, a Confederação estima um saldo negativo de 49,9 mil estabelecimentos turísticos com vínculos empregatícios no País. Já os dados de emprego mostram que, de março a setembro, 489,2 mil postos formais de trabalho foram eliminados no setor – o equivalente a 13,5% da força de trabalho dessas atividades.
A tendência é que o faturamento real do setor de turismo encolha 37,1% em 2020, com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia no terceiro trimestre de 2023.

(*) Crédito da foto: Pixabay