A previsão de retração no setor de serviços volta a subir em agosto após tímida melhora em julho. Com base nos dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a lenta recuperação da indústria fez com que a entidade revisasse para 5,9% o volume de receitas em 2020. Os dados forma divulgados hoje (14) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O percentual de redução previsto pela entidade já havia sido apontado  há três meses, a partir da PMS de maio. A previsão imediatamente anterior era de -5,6%. Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, as altas mensais indicam perspectiva de reação no médio prazo. “Não há dúvida de que os serviços foram os mais afetados pela queda do nível de atividade ao longo da pandemia do novo coronavírus, sobretudo quando comparados ao volume de vendas do comércio varejista e da produção industrial”, afirma Tadros, ressaltando que só o segmento de turismo perdeu quase 50 mil estabelecimentos e mais de 481 mil postos formais de trabalho em seis meses, após o início do surto de Covid-19.

Dados da pesquisa apontam que o volume de receitas dos serviços cresceu em agosto (+2,9%), em relação a julho, já descontados os efeitos sazonais. Foi o terceiro avanço consecutivo do setor, que chegou a acumular retração de 19% entre março e maio deste ano. Na comparação com agosto de 2019, contudo, houve variação negativa (-10%) pelo sexto mês consecutivo. Todos os grupos de atividades registraram crescimento, com destaque para os transportes, que avançaram pelo quarto mês seguido (+3,9%), e para os serviços prestados às famílias (+33,3%).

CNC: turismo em marcha lenta

Um dos segmentos mais afetados pela crise, o turismo registrou em agosto a quarta alta mensal seguida (+19,3%), segundo a PMS. No entanto, o nível de atividade do setor ainda se encontra 48% abaixo do verificado no primeiro bimestre de 2020, antes da pandemia.

A CNC calcula que, em sete meses (de março a setembro), o turismo no Brasil perdeu R$ 207,85 bilhões. “A tendência é de que o faturamento real do setor encolha 36,7% neste ano, com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia somente no terceiro trimestre de 2023, apesar das perdas ligeiramente menos intensas nos últimos meses”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, lembrando que, atualmente, o Turismo brasileiro opera com 26% da sua capacidade mensal de geração de receitas.

Os estados de São Paulo (R$ 74,86 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 30,33 bilhões), principais focos do coronavírus no país, concentram mais da metade (50,6%) do prejuízo nacional.

(*) Crédito da foto: Rod Long/Unsplash