CNC - consumo das famílias_junho2020Insegurança quanto ao desemprego reforça tendência de queda no consumo 

Depois das quedas de abril e maio, o ICF (Intenção de Consumo das Famílias) chegou ao terceiro declínio consecutivo em junho. Ao recuar 14,4% frente ao mês anterior, a pandemia do coronavírus fez o indicador renovou o recorde negativo da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2010. Mais ainda, o índice chegou a 69,3 pontos, menor patamar desde julho de 2016. Na comparação anual, o tombo é ainda mais expressivo (-24,1%), informa a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a influência dos impactos econômicos do coronavírus na pesquisa é evidente. Ele acrescenta, contudo, que o ICF está abaixo do nível de satisfação (100 pontos) desde 2015. “Essa insatisfação na expectativa de consumir corrobora os novos hábitos de compra dos brasileiros, demonstrados, no momento atual, com as famílias mais cautelosas com a sua renda, tanto no curto prazo quanto em relação ao ano passado”, afirma Tadros.

CNC: menos gastos, mais preocupações

Ainda sobre o consumo, as perspectivas dos entrevistados para o futuro reforçam a precaução. Mais da metade das famílias (58,9%) acredita que vai comprar menos nos próximos três meses, maior percentual desde setembro de 2016. Outro fator reitera essa percepção: 32,6% dos brasileiros ouvidos relataram que se sentem menos seguros com o seu emprego. Trata-se do nível mais alto desse subindicador em toda série história da pesquisa. 

“É a primeira vez, desde junho de 2016, que esse indicador entra na zona de pessimismo (abaixo de 100 pontos), revelando a insatisfação das famílias nesse sentido”, comenta Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC responsável pelo estudo. Em relação à perspectiva profissional, 60,1% dos entrevistados demonstraram pessimismo para os próximos seis meses, contra 51,5%, em maio, e 43,5%  ,em junho de 2019.

(*) Crédito da foto: Alterfines/Pixabay