O primeiro mês deste ano já marca a quarta vez consecutiva que a confiança de serviços apresenta quedas. O ICS (Índice de Confiança de Serviços), divulgado hoje (30) pelo FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Faculdade Getúlio Vargas), encerrou janeiro com 89,5 pontos, 2,7 a menos que o mês anterior. Em médias móveis trimestrais, o índice também recuou, desta vez, 3,2 pontos, e mantém tendência negativa. Este é o pior resultado para o indicador desde fevereiro de 2022.

“A confiança de serviços inicia 2023 mantendo tendência de desaceleração iniciada em outubro de 2022. A queda no mês foi influenciada principalmente pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses, mas também por uma menor satisfação com a situação atual gerada pela perda de fôlego da demanda”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV-Ibre.

Para Tobler, o cenário para os próximos meses não parece ser facilmente revertido dado que as questões macroeconômicas envolvidas nessa desaceleração devem permanecer por algum tempo. “A cautela dos empresários é percebida em suas projeções para o curto prazo com queda na demanda prevista, contratações e na tendência dos negócios para os próximos seis meses”, continua.

Segmentação

O resultado do ICS é baseado em duas métricas, o ISA-S (Índice de Situação Atual), que abrange as percepções atuais, e o IE-S, que tange as expectativas para os próximos meses. Ambos caíram, especialmente por conta da piora nas projeções, mas também dos indicadores sobre o momento presente. O IE-S vinha se mantendo acima do ISA-S desde o início da pandemia, mas isso se reverteu nos últimos meses, com ambos em trajetória negativa.

Neste mês, o ISA-S cedeu 0,7 ponto, chegando a 93,6, que é o menor nível desde março de 2022 (90,9). Entre os principais fatores, está a queda de 2,0 pontos do indicador de situação atual dos negócios (92,8). Após três meses de recuos seguidos, o indicador de volume de demanda atual se acomodou em 94,3, ao variar 0,5 pontos.

Quanto ao IE-S, que caiu para 85,5 pontos após queda de 4,6 pontos, chegou ao menor nível desde março de 2021 (81,3). Para isso, ambos componentes do IE-S caíram: indicador de demanda prevista nos próximos três meses recuou 5,6 pontos (85,6) e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses reduziu 3,7 pontos (85,5), menor patamar desde março de 2021 (84,3). “Essa piora mais acentuada das expectativas mostra que os empresários não imaginam que esse cenário de desaceleração se reverta rapidamente”, finaliza Tobler.

(*) Crédito da foto: blakewisz/Unsplash