sexta-feira, 5/setembro
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Consumo das famílias avança em junho, diz CNC

A ICF (Intenção de Consumo das Famílias) cresceu 0,5% em junho em relação a maio, aponta pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Já descontados os efeitos sazonais, o índice registra o melhor desempenho mensal desde maio de 2024, embora siga em trajetória negativa na comparação anual. Frente a igual período do ano passado, a queda é de 1,3%, no nono recuo consecutivo.

O principal destaque positivo do mês foi o componente Acesso ao Crédito, que avançou 2,5% em relação a maio e 2,2% na comparação anual. Trata-se do quinto mês seguido de alta no indicador, reflexo de medidas que ampliaram a liquidez no sistema financeiro. De acordo com o levantamento, 32,6% dos consumidores dizem perceber maior facilidade para obter crédito, maior percentual desde abril de 2020.

Apesar da melhora, o cenário ainda exige cautela por parte do consumidor, especialmente diante da elevação da taxa Selic nos últimos meses. A percepção sobre o momento para aquisição de bens duráveis, por exemplo, caiu 7% na comparação com junho de 2024, maior recuo entre os componentes analisados.

“Observamos uma melhora pontual, mas o consumidor segue atento aos sinais da economia. A combinação de crédito mais acessível e juros elevados exige decisões de consumo mais planejadas e criteriosas. Por isso há uma busca pelo equilíbrio entre o desejo de consumir e a preocupação de não comprometer o orçamento a longo prazo”, afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Emprego e renda

A análise do mercado de trabalho mostra sentimentos divididos entre as famílias. O componente Emprego Atual recuou 0,1% no mês e 1,8% em relação a junho de 2024. Já o índice Perspectiva Profissional subiu 0,5% frente a maio, com avanço de 1,7% na comparação anual, influenciada especialmente pela percepção positiva dos consumidores de maior renda.

No recorte por faixa de renda, tanto famílias que recebem até 10 salários mínimos, quanto as de renda superior, apresentaram alta de 0,6% na ICF de junho. Ainda assim, ma base de comparação anual, ambas registraram retrações de 1,3% e 1,5%, respectivamente. No quesito acesso ao crédito, os aumentos foram similares: 2,5% para o público de menor renda e 2,8% para o de maior.

O que vemos é o reflexo dos estímulos contraditórios que o país tem dado: de um lado, a maior oferta de crédito e a perspectiva de melhora no emprego; de outro, a inflação e os juros, com o endividamento crescente afetando o avanço da inadimplência. Esses fatores combinados devem manter o consumidor brasileiro em posição de cautela nos próximos meses”, avalia João Marcelo Costa, economista da CNC.

(*) Crédito da foto: Joshua Woroniecki/Pixabay