Em linha com as expectativas do mercado financeiro, a taxa de desemprego do Brasil recuou para 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022, informa a Folha de S. Paulo. O resultado, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o menor para o período desde 2014 (6,6%) e vem acompanhado de recorde na população ocupada e crescimento da renda. Essa melhora no mercado de trabalho brasileiro, no entanto, pode perder o fôlego em 2023, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho).

No trimestre anterior, da mesma série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), ou seja, até agosto, o indicador marcava 8,9%. Neste período, o número de pessoas desempregadas somava 9,7 milhões. Com a queda na taxa em novembro, o contingente ficou em 8,7 milhões, resultado mais baixo para o trimestre desde 2014 (6,6 milhões).

População ocupada e renda

Com a queda do desemprego, a população ocupada alcançou 99,7 milhões no trimestre até novembro, renovando o recorde da série histórica iniciada em 2012, segundo o IBGE. O valor representa incremento de 0,7% (mais 680 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 5% (mais 4,8 milhões) na comparação anual.

“Embora o aumento da população ocupada venha ocorrendo em menor ritmo do que o verificado nos trimestres anteriores, ele é significativo e contribui para a queda na desocupação”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

No que tange ao rendimento médio real da população, que vinha apresentando queda conforme o desemprego caía gradativamente, agora apresenta melhora com a trégua da inflação. No recorte da pesquisa, o indicador chegou a R$ 2.787, aumento de 3% em relação ao trimestre encerrado em agosto (R$ 2.706). Na comparação anual, o crescimento foi de 7,1% (R$ 2,601). Com isso, a renda se aproxima do patamar pré-pandemia, quando marcava R$ 2,830 em novembro de 2019.

Freio em 2023

Apesar dos resultados, a recuperação do mercado de trabalho tende a perder velocidade em 2023, segundo a OIT. O relatório anual Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências 2023 apresenta prevê que este ano se encerre com uma taxa de desemprego em torno de 9%.

O principal motivo para isso, segundo a entidade, são as incertezas em relação à inflação. Com a manutenção dos preços em alta, que persiste desde a pandemia, o desenvolvimento de diversos países, incluindo o Brasil, tende a desacelerar. Não é à toa que a previsão do BC (Banco Central) para o crescimento PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 foi de apenas 0,77%. Para 2024, a projeção é de 1,5% de crescimento.

A OIT aponta ainda que, embora o mercado de trabalho tenha melhorado gradualmente nos últimos meses, o rendimento médio não só não acompanhou como apresentou queda em diversos países, incluindo o Brasil. Além disso, a informalidade segue em alta A nível global, contabilizando um contingente de mais de 2 bilhões de pessoas.

“Os avanços no mercado de trabalho ainda estão lentos demais, insuficientes para preencher as lacunas deixadas pela pandemia”, pontua Gilbert Houngbo, diretor geral da OIT. “A dificuldade de acesso a empregos de qualidade, os salários insuficientes e a desigualdade são alguns dos principais desafios”, continua, aproveitando também para dizer que a entidade irá promover uma campanha para a criação de uma coligação global para promover justiça social e criar políticas que preparem para o futuro do trabalho.

(*) Crédito da foto: Zanone Fraissat / Folhapress