Equipotel: implementando a governança ESG

Iniciando o terceiro dia da Equipotel, a grade de conteúdo do espaço Hotel Trends 2024, iniciativa do Hotelier News para debater pontos importantes do setor, recebeu o painel 5 passos para implementar a governança ESG no seu hotel. O bate-papo contou com as participações de Gustavo Correa, CEO da Nai; Rafael Espírito Santo, CEO do Cana Brava Resort; e Cristina Prioli, sócia da Regulatory & Compliance, e líder de ESG para FSI da Deloitte.

A conversa foi mediada por Ana Paula Arbache, head de Inovações e Sustentabilidade da Arbache Innovations. Iniciando o painel, Cristina disse que quando o ESG (Environmental, Social and Governance) evolui, todo o setor acompanha este movimento. “São iniciativas que podem ser adotadas por todos os perfis de hotéis. O que muda é só o orçamento”, explicou.

Correa, por sua vez, destacou que o mercado brasileiro ainda está muito aquém do que deveria no cenário da governança corporativa, mas já avançou consideravelmente nos últimos anos.

Complementando o raciocínio, Espírito Santo fez considerações sobre o tema. “É preciso dar o primeiro passo. É muito mais uma mudança de atitude e de ação. Não se trata só de investimento. Primeiro de tudo, é preciso ter vontade de implementar uma política de ESG que vá muito além de uma exigência legal, e de querer transformar a vida das pessoas e da comunidade onde os hotéis estão inseridos”, analisou.

Transformação social

Durante a conversa, Cristina ressaltou que o alinhamento com prefeituras, governos e com a comunidade local, entidades e ONGs é essencial para implementar com sucesso uma política de governança ESG.

No primeiro painel do terceiro dia da Equipotel, Correa analisou que, normalmente, os grandes resorts estão localizados em pequenas cidades, onde há muitos problemas sociais. “Assim, o hotel chega como um agente de transformação daquela realidade”, acrescentou o executivo.

Equipotel - Painel_ESG

Painel debateu boas práticas de ESG nos hotéis

No bate-papo, Espírito Santo mencionou que um ponto interessante (e essencial) é viabilizar a contratação de mão de obra local. “No nosso hotel, há colaboradores que anteriormente estavam em uma situação de vulnerabilidade social, e agora têm perspectivas positivas de crescimento no setor. É uma caminhada longa, mas posso dizer que estamos evoluindo muito”, afirmou.

Hoje, segundo Cristina, alguns hotéis já atuam em parceria com bancos, que criam linhas de crédito para viabilizar projetos de ESG. “Há o interesse, agora cabe aos empreendimentos criar projetos que tragam impactos positivos no social e no meio ambiente”, disse.

Em sua fala na palestra da Equipotel, Espírito Santo reforçou que o investimento em ESG tem retorno imediato. “A partir do momento em que se faz investimentos em soluções sustentáveis, automaticamente se tem economia de recursos. No Cana Brava Resort, mudamos para o Mercado Livre de Energia e, além de reduzirmos nossa conta de luz, passamos a atuar com uma fonte mais limpa e com menos impacto ao meio ambiente”, concluiu.

Sobre boas práticas para implementar a governança ESG nos hotéis, Cristina elencou alguns pontos importantes, como o alinhamento estratégico, principais necessidades dos empreendimentos, implementação de indicadores e metas, além de um cronograma bem estruturado e dados para fazer um panorama detalhado.


Oportunidades do ESG na hotelaria

Dando continuidade à programação do espaço Hotel Trends, foi realizado o painel A dimensão social do ESG: desafios e oportunidades na hotelaria. A conversa, mediada por Gisele Ruiz, CEO da Academia de Hotelaria, contou com as participações de Joel Freitas, gerente de Manutenção do Novotel Itu (SP), e Giuliana Fonseca, diretora de Vendas e Marketing da B&B Hotels Brasil.

Gisele começou o bate-papo afirmando que o primeiro passo para os hotéis, na estratégia ESG, é colocar o S de “social” entre as prioridades. Questionado sobre a contribuição do turismo sustentável para a erradicação da pobreza, Freitas afirmou que isso é possível por meio da aproximação com a comunidade local, com iniciativas que gerem emprego, por exemplo.

“Na parte de meio ambiente, o objetivo é discutir cada vez mais as estratégias, inserir o ESG nas operações dos empreendimentos hoteleiros para fomentar transformações sociais e ambientais significativas”, complementou.

Giuliana, por sua vez, mencionou a B&B Hotels Brasil tem trabalhado a integração dos times com projetos que abordem a parte social. “Um exemplo disso é o Projeto Craques da Rocinha, no Rio de Janeiro, iniciativa com a qual fizemos questão de envolver toda a nossa equipe. No fim do ano passado, os times de cada unidade se juntaram para apresentar projetos nos destinos onde os empreendimentos estão inseridos, e isso também ajuda muito”, destacou.

“Faz parte do social olhar para dentro da operação e questionar qual impacto positivo poderíamos causar na vida dos nossos colaboradores”, complementou a executiva durante o painel.

Impactos das ações ESG

Durante o painel na Equipotel, Giuliana afirmou que na B&B Hotels Brasil um dos impactos importantes na operação dos hotéis é a diminuição do turnover. “Captar, treinar, e principalmente reter mão de obra, é uma tarefa muito difícil. E felizmente, graças a essas ações, temos conseguido resultados muito satisfatórios”, acrescentou a executiva.

Freitas, por sua vez, destacou que o empreendimento paulista tem trabalhado fortemente o ESG nos últimos anos, e atualmente possui um comitê composto por 15 profissionais que promovem ações diversas visando uma operação cada vez mais sustentável e com impactos sociais positivos.

Equipotel - Painel_Oportunidades_ESG

Painelistas abordaram oportunidades do ESG

“E isso tem atraído demanda para eventos. Empresas, por terem conhecimento das nossas ações ESG, fecham conosco, porque atualmente isso é um diferencial importantíssimo para o mercado como um todo”, acrescentou o gestor de ESG do Novotel Itu.

Já na B&B, toda a parte de capacitação dos profissionais para atuar em ações ESG, é feita internamente. “Na parte social, por exemplo, 50% dos cargos de liderança da nossa rede são ocupados por mulheres, no recorte global. Quando você trabalha esse ecossistema de treinamento e capacitação, será natural encontrar profissionais para ocupar cargos importantes dentro das empresas. Investir em treinamento é fundamental, porque o profissional vê a possibilidade de crescimento”, destacou Giuliana.

Durante a conversa, os participantes lembraram que, atualmente, há pesquisas que apontam que as políticas ESG se tornaram cada vez mais importantes no momento da decisão de compra dos viajantes. “Hoje, essas estratégias contribuem consideravelmente com a decisão de compra dos clientes, e isso é extremamente positivo, pois mostra o valor percebido dessas ações”, complementou a executiva da B&B Hotels Brasil.

No contexto do Novotel Itu, Freitas mencionou que uma das prioridades é proporcionar um bom ambiente e vantagens para os colaboradores. “Uma das estratégias é premiar funcionários que faltam pouco, com uma bonificação mensal. Iniciativas como essa resultam em colaboradores mais felizes, que vão passar aquela felicidade para o hóspede, elevando a experiência”, finalizou.


Como as práticas ambientais elevam os resultados dos hotéis?

Fechando a programação do terceiro dia da Equipotel, o espaço Hotel Trends, do Hotelier News, recebeu o painel Como as práticas ambientais melhoram resultados na hotelaria?, com participação de Camilo Terranova e Paulo Vasconcellos, diretor de Novos Negócios e CFO da NM2, respectivamente; e Eduardo Prates, CEO da Eco Circuito.

A conversa foi mediada por Juliana Mesquita, fundadora e CEO da Koncept, que abriu o bate-papo reforçando a necessidade de os hotéis iniciarem, com urgência, o processo de descarbonização. Neste sentido, Terranova destacou que a atuação da NM2, para a hotelaria, foca na melhora dos indicadores ambientais dos empreendimentos.

Equipotel - Painel_3_ESG

Painel abordou como boas práticas elevam resultados

“Trata-se de uma tecnologia compacta que atua em frentes como tratamento de água e esgoto, que resultam em uma economia considerável de recursos para os hotéis que trabalham utilizando nossas soluções, resultando em benefícios como a redução das emissões de carbono”, completou.

Prates, por sua vez, reforçou que a Eco Circuito atua no tratamento de resíduos orgânicos gerados pelos hotéis. “Nosso trabalho foca com o propósito de fornecer uma operação aterro zero e criando estratégias para reduzir o desperdício de alimentos”, acrescentou.

“Nosso equipamento é instalado na área de devolução da cozinha e cada descarte feito é pesado, proporcionando um controle de quantos quilos de comida estão sendo jogados fora por dia, e entendendo em qual momento aquele alimento se tornou lixo”, analisou.

Estratégias e conscientização

Durante o painel na Equipotel, Juliana mencionou que, para implementar práticas ambientais eficientes nos hotéis, é necessário também trabalhar a conscientização do hóspede em diversos pontos.

Já na parte social, Vasconcellos afirmou que, quando os hotéis passam a olhar para a comunidade ao redor, conseguem ter, assim como nas estratégias ambientais, redução significativa de custos. “A pessoa que está inserida naquela comunidade pode vir a se tornar um colaborador do hotel, e esta proximidade gera economia de gastos”, explicou.

Trazendo o bate-papo de volta para a parte ambiental, Prates apontou que os hotéis precisam ter um maior senso de urgência em relação à adoção de práticas ambientais. “Os empreendimentos não precisam esperar uma multa. O hóspede quer aproveitar um destino limpo, salubre, preocupado com o meio ambiente. Isso é uma tendência para o turismo e a hotelaria, que deve seguir crescendo”, finalizou.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News