terça-feira, 2/setembro
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Gramado Parks completa 10 anos e busca zerar dívidas em 2025

O ano de 2024, sem dúvidas, não foi fácil para a Gramado Parks. Desde 2023, a rede gaúcha enfrenta uma situação delicada com seus credores e passa por um processo de recuperação judicial, aprovado em outubro pela Vara Empresarial Regional de Caxias do Sul. Completando uma década de história, a empresa vem encarando os problemas com otimismo, vislumbrando um 2025 de retomada de credibilidade com o pagamento de dívidas.

A aprovação do plano de recuperação judicial prevê a quitação de R$ 400 milhões em dívidas, enquanto outros R$ 700 milhões já teriam sido renegociados com credores. Durante as negociações, a Gramado Parks conseguiu reduzir em R$ 40 milhões seu custo anual com iniciativas de reestruturação — o que possibilitou, inclusive, a retomada das obras de projetos em pipeline.

Fundada em Gramado, na Serra Gaúcha, a empresa iniciou sua trajetória em 2013 com o Snowland, o primeiro parque de neve indoor da América Latina. A companhia também é responsável pelo parque aquático termal Acquamotion, o Farol Porto de Galinhas em Pernambuco, e as rodas-gigantes Yup Star no Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu.

No setor hoteleiro, a Gramado Parks ainda conta com os hotéis Bella Gramado, Exclusive Gramado, Buona Vitta e Wyndham Gramado Termas Resort — todos no modelo de multipropriedade. No portfólio, a empresa possui cinco restaurantes e realiza a gestão do Palácio do Kikito, também conhecido como o Museu do Festival de Cinema de Gramado.

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Buona Vitta é o hotel mais bem posicionado da empresa

Projetos em desenvolvimento

Atualmente, a companhia possui três empreendimentos de multipropriedade em desenvolvimento. O Aquan, em Foz do Iguaçu, com previsão de abertura em julho de 2025; o Namareh, na Praia dos Carneiros (PE), que deve ser inaugurado em dezembro de 2027; e o Hydros Gramado, também previsto para 2027.

Sem revelar o VGV (Valor Geral de Vendas) em pipeline, Jean Santos, gerente geral de Multipropriedade, afirma que a empresa vem sendo cautelosa durante o processo de recuperação judicial. “Estamos recalibrando nossos produtos e alinhando os posicionamentos de acordo com o perfil do nosso cliente, o que pode alterar o VGV”, diz em entrevista ao Hotelier News.

Com mais de 1,7 mil colaboradores e parceiros, a Gramado Parks possui sete operações de vendas no Rio Grande do Sul, sua principal base. E, mesmo com um portfólio robusto, Santos não fala em crescimento de receita em 2024. “Além da recuperação judicial, sofremos os impactos das enchentes de maio. A calamidade pública afetou nosso primeiro semestre e iniciamos uma retomada em outubro do turismo na Serra Gaúcha”.

Segundo o gerente, a Gramado Parks está com ocupação média de 70% e diária média que gira entre R$ 480 e R$ 520, com o Buona Vitta como o carro-chefe entre os empreendimentos. “É o nosso hotel com maior número de UHs, mais premiado e mais bem posicionado, além de ser o produto com a diária mais alta”.

As comercializações das cotas de multipropriedade giram em torno dos R$ 90 mil, com 5% de share de vendas online. “Consolidamos esse braço de vendas durante a pandemia e criamos essa diversificação. Como contamos com um ecossistema que vai além da multipropriedade, retroalimentamos nossa geração de leads”, explica Santos.

Os hotéis em operação estão com 100% de suas cotas vendidas, enquanto os demais estão em fase de comercialização. “O Aquan, como é um produto que iniciamos as vendas em 2021, está mais avançado. Contamos com uma base ativa de clientes, mas com o plano de recuperação judicial, paramos de vender”, continua o gerente.

Perfil de público

Com empreendimentos em operação apenas em Gramado, Santos explica que o perfil de cliente da empresa são casais entre 30 e 50 anos, com um ou dois filhos, que viajam duas vezes por ano e possuem uma renda que varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.

“Esse perfil tem uma variação muito pequena de hotel para hotel, ou de destino para destino. Unificamos o ecossistema do grupo com férias, gastronomia, entretenimento e multipropriedade e múltiplos destinos. Então, nosso cliente já tem essa cultura de viajar”, pontua Santos.

Os novos destinos da empresa foram escolhidos a dedo para convergir com a proposta do grupo em Gramado. Segundo Santos, a Gramado Parks atua como uma geradora de oportunidades e demanda onde está localizada.

2025

Para o gerente, ainda é cedo para falar em crescimento. Em 2025, a prioridade da Gramado Parks é acertar as contas com seus credores e cumprir com os prazos de entrega dos empreendimentos em desenvolvimento.

“Tivemos o plano de recuperação judicial homologado em outubro e começamos a pagar a estruturação da dívida. Logo, em 2025 teremos esse pagamento acontecendo em todas as classes de credores. O cenário para nós ainda é muito volátil, com o turismo gaúcho em fase de retomada. Entendemos o que vamos nos comprometer, mas nosso objetivo é consolidação, recuperação e geração de experiências para nossos clientes”, adianta Santos.

A Gramado Parks também está em vias de abrir um parque aquático em Tamandaré, na Praia dos Carneiros, que será anexo ao Namareh, o Acquaventura, previsto para o verão de 2025.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Gramado Parks