Após os conteúdos direcionados a hotéis urbanos e resorts, a programação do Hotel Trends Orçamentos volta a se concentrar em uma sala para sua fase final. O painel Hotel Trends Stats: para onde vai a demanda? discutiu números da hotelaria brasileira, praças em destaque e desafios futuros do setor.
O painel foi apresentado por Ricardo Souza, Revenue Growth leader da Lighthouse para o México, América Latina e Caribe. Antes do início da apresentação do executivo, Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News – parceiro da Lighthouse no estudo – anunciou a chegada a Omnibees para complementar a pesquisa.
“No contexto geral dessa pesquisa, o papel da Omnibees é de complementar os dados do setor. Temos a missão de levar informações e contribuir com o mercado, visando ajudar os hotéis a melhorarem suas estratégias de distribuição”, destacou Rodolfo Delphorno, diretor de Vendas da Omnibees.
Dados da pesquisa
Durante a apresentação no Hotel Trends Orçamentos, Souza pontuou que a Lighthouse consegue monitorar demanda de hotéis, voos, entre outros pontos, para entender o cenário do setor. “A demanda é uma combinação de diversos fatores, como volume de buscas no short-term rental, na hotelaria tradicional, entre outros. Olhando para a alta temporada no Brasil, temos um desempenho melhor que o ano passado, e um segundo trimestre também mais aquecido”, afirmou.

De janeiro a julho, o Brasil registrou aumento de 7,8% no volume de quartos ocupados (room nights) em relação ao mesmo período de 2024. Já a diária média nacional avançou 13,8%, superando a inflação acumulada e consolidando uma valorização real das tarifas.
“Por outro lado, em junho sentimos o começo de uma retração em diferentes praças do país, o que deve ser uma constante no segundo semestre, de estabilização nessa demanda”, acrescentou o executivo da Lighthouse.
O Sudeste segue como a região com maior volume de reservas, mas foi o Sul do país que liderou o crescimento em ocupação, impulsionado especialmente pela recuperação do Rio Grande do Sul após as enchentes de 2024. Já o Norte se destacou com a maior variação positiva na diária média.
Capitais em evidência
São Paulo: apresentou alta de 2,3% na ocupação e 10% na diária média. A cidade consolidou ganhos acima da inflação desde 2019, acumulando valorização real de 14,8%.
Rio de Janeiro: foi um dos mercados mais aquecidos, com aumento de 12,1% em ocupação e 20,2% em tarifas. O crescimento acumulado desde 2019 chega a 95,6%, com valorização real de 44,2%.
Belo Horizonte: registrou alta de 4,4% em ocupação e 8,9% em tarifas. A diária média subiu quase 89% desde 2019, reforçando a resiliência do destino.
Salvador: com crescimento de 8,3% em ocupação e 14,1% nas tarifas, a capital baiana se firmou como um dos destinos turísticos mais valorizados do Nordeste.
Porto Alegre: foi destaque nacional, com salto de 45,5% na ocupação e 16,1% nas tarifas, refletindo a recuperação pós-desastre climático e a força do turismo corporativo e de eventos.
O estudo apresentado no Hotel Trends Orçamentos também aponta a força crescente de cidades do interior, especialmente em São Paulo e Minas Gerais. Municípios como Sorocaba e Barueri (SP), Poços de Caldas e Uberaba (MG) puxaram a alta de reservas, enquanto destinos tradicionais como Guarulhos e Ribeirão Preto (SP) enfrentaram queda na ocupação, mas compensaram com tarifas mais altas.
Feriados e comportamento do consumidor
Os feriados prolongados de 2025 já registram níveis de reservas superiores aos dos dois anos anteriores. Natal e Réveillon devem ter ocupações quase duas vezes maiores que em 2023 e 2024, com hóspedes planejando suas viagens com mais antecedência.
Tendências do mercado
Entre os principais movimentos do setor, o relatório destaca:
- Crescimento das diárias acima da inflação em várias capitais;
- Avanço das vendas diretas, ainda que operadoras e OTAs mantenham relevância;
- Maior antecedência nas reservas, especialmente para feriados e grandes eventos;
O Hotel Trends Stats – Agosto 2025 mostra que a hoteleira brasileira entra no segundo semestre com boas perspectivas de ocupação. As projeções para os próximos 180 dias indicam picos de demanda concentrados em feriados prolongados e no período de alta temporada de fim de ano, especialmente Natal e Réveillon.
São Paulo: estabilidade com picos pontuais
Na capital paulista, a expectativa é de demanda estável, com variações moderadas ao longo dos meses. A cidade deve registrar maior aquecimento em dezembro e janeiro, impulsionada por eventos corporativos de fim de ano e pelo turismo doméstico.
Rio de Janeiro: forte alta no verão
O Rio apresenta o cenário mais favorável, com projeções de demanda elevada e até muito alta entre novembro e janeiro. O Réveillon, em especial, já tem reservas em ritmo acelerado, consolidando a cidade como um dos principais polos turísticos do país nesse período.
Belo Horizonte: crescimento gradual
A capital mineira mostra perspectiva de crescimento moderado, com aumento gradual da procura até o fim do ano. A cidade deve se beneficiar de eventos de negócios e congressos, além do fluxo turístico no interior do estado.
Salvador: feriados e verão aquecem procura
Na Bahia, a projeção é de demanda aquecida já a partir de outubro, com maior intensidade no verão. Salvador deve concentrar reservas acima da média nacional no período de festas, reforçando seu papel como destino estratégico do Nordeste.
Porto Alegre: recuperação consolidada
O mercado gaúcho projeta forte retomada até o fim de 2025, com demanda normalizada após os impactos das enchentes de 2024. O fluxo tende a se intensificar no verão, impulsionado pela Serra Gaúcha e pelo turismo interno, que seguem fortalecidos.
“Em todas as praças, há crescimento sólido de diária, na casa dos dois dígitos. E é algo que deve continuar, talvez em um ritmo um pouco mais moderado. Por isso, é preciso otimizar as estratégias de distribuição, e analisando bem a estratégia em cada canal”, disse Souza.
“A ocupação tende à estabilidade na grande maioria das praças. Se analisarmos o calendário de São Paulo para 2026, por exemplo, ele não é sólido. Por isso, a melhora do mix de segmentos será crucial para garantir a evolução da diária”, finalizou.
(*) Crédito das fotos: Dirceu Nagasawa/Hotelier News
(**) Crédito do infográfico: Divulgação/Lighthouse