quarta-feira, 27/agosto
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Hotelaria de luxo movimenta R$ 3,3 bi e amplia práticas sustentáveis

O bom momento do setor hoteleiro é evidente e os dados não deixam mentir. No pós-pandemia, a hotelaria de luxo saiu na frente das demais categorias, se beneficiando das fronteiras fechadas para outros países e dos clientes abastados com sede de viagem. Com a Covid-19 no passado, os últimos anos foram de uma verdadeira escalada de resultados para hotéis de alto padrão, e 2024 não foi diferente. Segundo o Anuário da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), no período, seus associados movimentaram R$ 3,3 bilhões, avanço de 12,7% frente aos R$ 3,1 bilhões registrados em 2023.

O levantamento, realizado em parceria com o Senac São Paulo, foi apresentado hoje (26), em evento realizado na Casa de Cultura do Parque, na capital paulista. O relatório reforça o crescimento do turismo de luxo no país, pautado por saltos na diária média e RevPar dos empreendimentos associados.

Em 2024, a diária média chegou a R$ 3,2 mil, alta de 29,3%, enquanto o RevPar somou R$ 1,5 mil (+ 11,7%). O número de hóspedes atendidos alcançou mais de 1 milhão no período. Já a média de colaboradores por UH (Unidade Habitacional) foi de 3,16 (nível elevado em relação à hotelaria tradicional).

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Camilla Barretto, CEO da BLTA desde outubro do ano passado, destacou os pilares da entidade que permeiam as ações, como turismo renegerativo, posicionamento global do Brasil, qualificação, inteligência de mercado e promoção coletiva dos associados.

“O nosso objetivo é ampliar a voz que o luxo hoje é indissociável de conexão emocional e propósito e temos a responsabilidade de promover o turismo causando impacto positivo”, disse. Segundo ela, o Anuário reúne dados de hotéis e operadores preocupados em deixar um legado para as futuras gerações. “Este deve ser o objetivo do turismo de luxo brasileiro”, pontuou.

O professor Julio Butuhy, do Senac São Paulo, falou sobre o trabalho realizado ao lado da BLTA. “Este é o anuário mais completo do setor, pois não contempla apenas dados de ocupação, diária média e RevPar. É um estudo que concentra informações sobre a origem dos clientes, iniciativas ESG e dados de mão de obra”, ressaltou. O docente e pesquisador ainda reforçou que os dados são sigilosos e que não é de interesse do relatório saber indicadores individualizados dos associados.

hotelaria de luxo - BLTA - interna
Camilla Barretto e professor Julio Butuhy

Resultados das operadoras

O estudo da BLTA também mostra avanços nas operadoras de viagens. O ticket médio doméstico foi de R$ 15,6 mil (+ 67%), enquanto o ticket médio inbound, de clientes internacionais, chegou a R$ 20,4 mil (+ 33,4%). A maioria das viagens domésticas (86%) teve duração de até sete dias, enquanto 55% dos turistas internacionais optaram por períodos mais longos, de 8 a 14 dias.

“Tivemos um saldo final positivo em 2024 para 60,8% dos meios de hospedagem respondentes. Dentre as operadoras, 60% consideraram o ano positivo e 40% o consideraram muito positivo”, afirmou Camilla. “O Brasil segue aumentando os números de turistas internacionais consistentemente desde o início do ano, e certamente 2025 baterá muitos recordes.”

Dados de perfil do hóspede

Perfil do hóspede – Origem

  • Brasil: 68,8%
  • Europa: 14,9% (maioria França)
  • América do Norte: 9,6% (principalmente Estados Unidos)
  • América Latina: 4,6% (Argentina em destaque)

Motivos de viagem

  • Lazer (férias, feriados e finais de semana): 60%
  • Negócios/eventos: 10%
  • Viagens com família/amigos: 10%
  • Tipo de hóspede: 67,9% são viajantes individuais independentes (FIT)
  • Tempo médio de permanência: 59% dos hóspedes ficam até 3 diárias
  • Origem das reservas: 45,6% (balcão/venda direta), 22,7% (OTA – agências de viagem online) e 16% (operadoras)

Eventos e Destinos

  • Eventos que mais atraem hóspedes: Réveillon (87%), Carnaval (73%) e Casamentos (58%)
  • Destinos mais procurados: Rio de Janeiro (capital), Foz do Iguaçu, Pantanal, litoral da Bahia, Manaus e Salvador

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Sustentabilidade em foco

O levantamento também reforça o papel da sustentabilidade na hotelaria de luxo. Entre os hotéis, 96% compram de produtores locais, 94% reduziram o uso de plástico e 91% oferecem plano de carreira para colaboradores. Além disso, 69% dos hotéis e 67% das operadoras apoiam projetos socioambientais.

No fim de 2024, 37% dos hotéis e 33% das operadoras já tinham iniciado processos de certificação em ESG. Os principais focos de projetos foram educação, desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

Novos associados

O Anuário também marcou a entrada de dois novos hotéis ao portfólio da BLTA: o Saline Taíba, localizado em São Gonçalo do Amarante (CE), e o Pontal dos Carneiros Bungalows, em Tamandaré (PE). Ambos passaram por visita técnica e responderam a um questionário com mais de 250 questões no processo de candidatura.

“Esta avaliação, por meio da metodologia do Cliente Oculto, traz mais credibilidade e transparência, assegurando de forma objetiva e isenta a qualidade dos membros da associação”, afirmou Camilla.

José Worcman, CEO da OnYou Cliente Oculto, empresa parceria da entidade no processo de avaliação, comentou que o questionário passou por muitas idas e vindas, até que a associação chegasse a um modelo que abrangesse todas as propriedades. “Foi um desafio criar padrões técnicos para avaliar hotéis tão distintos, mas chegamos a um modelo único e comparativo”.

(*) Crédito da capa: Divulgação/BLTA

(**) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News