quinta-feira, 4/setembro
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Hotelaria perde ao gerir receita apenas por tarifas

Fidelização - HSMAINos últimos 10 anos, o Revenue Management centrado exclusivamente em tarifas ganhou espaço na hotelaria. Embora aparente eficiência ao lidar com disponibilidade e faturamento, a prática pode comprometer a receita total dos empreendimentos. A dependência excessiva de mecanismos como o surge pricing, modelo em que os preços variam em tempo real de acordo com a demanda, por exemplo, cria pontos cegos estratégicos no médio e longo prazo.

Esse formato, ao privilegiar apenas o valor imediato da diária, limita a exploração de outras fontes de receita. Experiências, pacotes integrados, programas de fidelidade e ações direcionadas ao perfil do hóspede acabam ficando em segundo plano.

Sendo assim, especialistas citam que o foco total no preço significa abrir mão de inteligência voltada à receita sustentável. Para contrabalançar esse cenário, algumas tendências estão em consolidação gradativa:

  • Omnicanalidade nos dados: cruzar informações de diferentes canais oferece visão ampla do cliente e possibilita campanhas mais eficientes. Quando bem aplicada, a prática pode elevar a performance em até 494%;
  • Uso de inteligência artificial: representantes da hotelaria que utilizam RMS (Revenue Management Systems) baseados em ML (Machine Learning) chegam a registrar aumento de 15% na receita, sobretudo fora de temporada;
  • Receitas ancilares: serviços como spas, gastronomia e experiências locais já representam mais de 18% do faturamento total em alguns casos;
  • Total Revenue Management: ampliar a gestão para todas as fontes de receita, e não apenas tarifas, garante ganhos adicionais;
  • Tecnologia hoteleira: investimentos em PMS, BI e RMS são cada vez mais críticos. O mercado global de RMS deve alcançar US$ 37 bilhões até 2028;
  • Colaboração entre departamentos: integrar áreas como vendas, gastronomia, governança e marketing potencializa estratégias de upsell e cross-sell;
  • Mais dados sempre: análises históricas, competitivas e de mercado ampliam a precisão nas tomadas de decisão.

Cenário nacional

No Brasil, o movimento assume caráter de urgência, diante das especificidades locais. A cultura de pacotes com experiências regionais, uso de day-use, gastronomia como diferencial e integração com o turismo já surge como oportunidade estruturada. Entre as práticas em teste por redes nacionais e hotéis boutique estão:

  • Upsell de spa e gastronomia em pacotes;
  • Promoções inteligentes em canais diretos, reduzindo dependência de intermediários;
  • RMS em nuvem, que considera eventos, feriados e clima para ajustes em tempo real;
  • Programas de fidelidade que oferecem benefícios além da hospedagem.

Combinadas à realidade dinâmica do mercado brasileiro, essas estratégias permitem superar a lógica do “preço fácil”.

De onde partir?

Para especialistas, portanto, o Revenue Management moderno requer alguns fatores para que ajude na transformação da conveniência em valor real e sustentável para os hotéis. São eles:

  • Visão integral de receita (diárias, ancilares e fidelização);
  • Tecnologia alinhada ao perfil do cliente e às condições de mercado;
  • Inteligência voltada à criação de experiências;
  • Sinergia entre todos os departamentos.

(*) Crédito da foto: Divulgação/HSMAI