Debater as transformações da hospitalidade é a missão central do IMOBTUR, seminário sobre meios de hospedagem, aluguel por temporada e empreendimentos imobiliários-turísticos. Aberto na manhã de hoje (29), o evento promovido pela Adit Brasil reuniu especialistas e representantes de diferentes elos da cadeia produtiva do setor no Amcham Business Center, em São Paulo.

Meios de hospedagens, plataformas, OTAs, startups de tecnologia e investidores são alguns exemplos de players que marcaram presença no seminário. Para dar as boas-vindas ao público, Caio Calfat e Martin Diaz, presidente do Conselho e presidente executivo da Adit Brasil, respectivamente, destacaram a relevância do debate para o novo momento do segmento.

“A ideia de fazer esse evento foi do Felipe Cavalcanti, que nos ajudou a colocar isso de pé. O Imobtur é a soma de dois modelos de eventos. Em 2018, promovemos o Adit Hotel e também o Nordeste Invest, que reunia o mundo hoteleiro e imobiliário em uma época em que os estrangeiros vinham ao Nordeste a rodo”, explica Calfat.

A primeira edição do evento reuniu 220 participantes, uma marca positiva na visão do presidente do Conselho da Adit. “São notícias boas. Para o próximo ano, esperamos realizar um segundo dia de conteúdos”, revela Calfat.

Diaz salienta que a proposta do Imobtur é debater diferentes modelos de negócios dentro do setor de hospitalidade. “É uma honra recebê-los na primeira edição do IMOBTUR. Tentamos pegar um pouco de cada modelo de negócios para apresentar e debater. Esperamos que vocês gostem e aproveitem.”

40 anos de convergência entre setores

Calfat apresentou o primeiro painel ao lado de Diogo Canteras, sócio-diretor da HotelInvest. Com o tema Evolução de empreendimentos imobiliários-turísticos nas últimas quatro décadas, os especialistas fizeram uma grande viagem no tempo para explicar como o setor evoluiu.

“Nos anos 1980, as incorporadoras perceberam que poderia haver uma mudança de paradigma em moradias de luxo, quebrando a relação de padrão e tamanho. Antes da invenção dos flats, para se morar com alto padrão tinha que ser um apartamento grande, com quatro ou cinco dormitórios”, relembra Calfat.

O divisor de águas veio quando uma incorporadora lançou um novo padrão de produto, que reunia o alto padrão em apartamentos menores, de 45 e 50 m² (metros quadrados). “Desta forma, esses players convidaram o público a morar em um apartamento como se fosse um hotel cinco estrelas. E, se no início o foco eram casais, esses produtos passaram a ser vendidos para investidores”, acrescenta o executivo.

Imobtur - palestra 1

Canteras e Calfat: grande retrospectiva do setor

Canteras salienta que a revisão sobre o histórico do setor tem viés de conhecimento e aprendizado. Para o sócio-diretor da HotelInvest, olhar para o passado é essencial para entendermos o presente. “Esse histórico é para que se entenda o conceito de produto imobiliário-turístico e nossa curva de aprendizado nos últimos 40 anos. Fizemos muitas coisas interessantes, o mercado foi muito criativo, mas também erramos muito.”

Avançando na linha do tempo, Calfat conta que os flats deixaram de ser apenas um residencial com serviços hoteleiros para ganhar novas possibilidades, como a venda de diárias. “Isso não estava previsto. Muitos empreendimentos nasceram na época, o que culminou em uma super oferta hoteleira em São Paulo.”

Aos poucos, o segmento hoteleiro passou a se estruturar. Entidades de peso do mercado surgiram, como é o caso da Resorts Brasil, em 2001, e do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), em 2002. “Erramos na mão deixando a super oferta atingir volumes tão altos. Ao mesmo tempo, acertamos quando começamos a estruturar essas instituições e associações que congregam o mercado”, pontua Canteras.

O Nordeste foi um dos grandes destaques para desenvolvimento de produtos imobiliários-turísticos. Com destinos altamente visados por estrangeiros, que viviam um boom imobiliário, principalmente na Europa, a região foi turbinada por projetos, tornando-se uma opção de expansão de negócios já consolidados fora do Brasil.

O setor foi impulsionado pelo surgimento da multipropriedade, em 2012, agregado pelo short-term rental, em 2014. Com a adoção dos novos modelos de negócios, em 2018 foi decretada a Lei da Multipropriedade, que veio para regulamentar um segmento que segue em ampla expansão até hoje.

“Em 2013, fomos procurados por um grupo de Goiás que estava desenvolvendo frações imobiliárias em Caldas Novas, mas precisava regulamentar o produto. Reunimos no Secovi um grupo com empreendedores e desenhamos a Lei de Multipropriedade. Paralelamente, criamos um grupo de advogados para produzir o manual de melhores práticas para o setor”, conta Calfat.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian e Nayara Matteis/Hotelier News