Pressionada pela gasolina e passagens aéreas, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta de 0,38% é a maior para o mês desde 2021, quando a taxa havia sido de 0,96%. O novo percentual também ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro, que previam crescimento de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, a inflação acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho, destaca a Folha de São Paulo. O novo patamar é justamente o teto da meta perseguida pelo BC (Banco Central) para o fechamento de dezembro deste ano. A pesquisa destaca que, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram avanço em no mês passado. A variação mais significativa (1,82%) e o principal impacto (0,37%) vieram de transportes.

O grupo mostrou forte influência no alto preço das passagens aéreas (19,39%) e da gasolina (3,15%). Dessa forma, como pesa mais no orçamento das famílias, o combustível foi o responsável pelo impacto individual no IPCA (0,16%), seguido pelo bilhete de avião (0,11%).

Outros dados

O grupo Alimentação e Bebidas, por outro lado, registrou queda de 1% em julho, a primeira baixa depois de nove meses consecutivos de alta. O subgrupo Alimentação no Domicílio teve recuo de 1,51% no mês passado, após incremento de 0,47% na divulgação anterior.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% em 2024. A tolerância é de 1,5% para menos ou para mais. Isso significa que a taxa será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) em 12 meses até dezembro.

Analistas do mercado financeiro projetam inflação de 4,12% no acumulado deste ano, conforme a mediana das estimativas do boletim Focus mais recente. A previsão subiu pela terceira semana consecutiva, mas seguiu abaixo do teto. O aumento das expectativas ocorre em um contexto de dólar mais alto, incertezas fiscais no Brasil e pressão de preços no atacado. O mercado também enxerga desafios para a trégua da inflação de serviços com o mercado de trabalho ainda aquecido.

Em ata publicada no começo da semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC subiu o tom e afirmou que pode aumentar a taxa Selic se achar a medida necessária para assegurar a convergência da inflação à meta. Igor Cadilhac, economista do PicPay, afirma que a composição qualitativa do IPCA apresentou piora em julho.

“Começamos o segundo semestre deixando para trás o nosso melhor momento desinflacionário, com uma piora significativa nos núcleos e serviços”, destaca. Ainda assim, ele espera um IPCA de 4,3% no acumulado de 12 meses até dezembro, abaixo do teto.

(*) Crédito da foto: Pixabay